Mais de 300.000 portuguesas e portugueses saem à rua contra a “exploração e o empobrecimento”

O Terreiro do Paço de Lisboa acolheu este sábado uma manifestação multitudinária convocada pola CGTP-IN, que chama a uma grande Greve Geral.
Manifestação da CGTP no Terreiro do Paço de Lisboa
photo_camera Manifestação da CGTP no Terreiro do Paço de Lisboa

As previsões cumpriram-se e o Terreiro do Paço da capital lusa acolheu este sábado a mais maciça mobilização dos últimos anos. Vários centos de milhares de portuguesas e portugueses secundaram o apelo da CGTP-IN na marcha encabeçada pela palavra de ordem “contra a exploração e o empobrecimento, mudança de políticas”. A mobilização convocada pela central sindical portuguesa, superou em participação à que tivo lugar em Fevereiro deste ano. Naquele então as cifras sinalaram 300.000 manifestantes.

"O povo está a perder o medo e a mostrar que quer ir para a frente, lutar pelo presente e salvaguardar o futuro das gerações" Arménio Carlos

O Secretário-Geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, assegurou na sua intervenção no ato de encerramento da macro-manifestação que “o povo está a perder o medo”. "Eles têm medo que o povo perca o medo. O povo está a perder o medo e a mostrar que quer ir para a frente, lutar pelo presente e salvaguardar o futuro das gerações", defendeu. Arménio Carlos, exprimiu a rejeição frontal do sindicalismo de classe do país vizinho à política de cortes imposta pela direita ao ditado da Troika. “A CGTP não aceitará medidas de redução dos salários e pensões nem um cêntimo que seja" disse.

Apelo a uma grande Greve Geral

"Este povo que enche o Terreiro do Paço está ou não de acordo com a decisão de uma greve geral?" perguntou o Secretário-Geral da CGTP às pessoas que enchiam a praça. A resposta foi uma atroadora ovação, após a qual Arménio Carlos anunciou que a central sindical realizará um Conselho Nacional Extraordinário o vindouro dia 3 de outubro para tratar da possível convocatória de mais uma nova jornada de greve. "A vossa resposta foi clara, decisiva e determinante. Nós somos a maioria e a maioria vai-se unir" clamou.

Como é tradicional nestas convocatórias deu-se leitura a uma proposta de resolução que foi aprovada por aclamação dos milhares de pessoas presentes. Na proposta aponta-se para a necessidade de a classe trabalhadora e povo português no seu conjunto “acabarem com esta política e este Governo, antes que este Governo e esta política acabem com o País”.

Além disso, consideram que “é imperioso aprofundar o esclarecimento e a mobilização em todos os locais de trabalho para travar as lutas necessárias a fim de derrotar o memorando da tróica e impedir a aprovação de mais medidas de austeridade”. Aliás, expressaram o seu compromisso de concretizar esse propósito o vindouro 1 de outubro, data em que está previsto um Dia Nacional de Luta, coincidindo com o 42º aniversário da CGTP-IN. A palavra de ordem dessa ação será: Acabar com a Política de Direita. Pelos Salários, Emprego e Direitos.

A resolução incidia no apelo às pessoas desempregadas a “participarem na Grande Marcha Contra o Desemprego” que percorrerá o país de 5 a 13 de Outubro. No texto reivindicaram as conquistas de Abril e a “necessária afirmação da soberania nacional” para abrir caminho “à salvaguarda dos interesses dos trabalhadores e do povo português”. Assim, aspiram a convergir com outros setores e camadas da população, na procura de uma “resposta ampla e poderosa que ponha termo à ofensiva do grande patronato”.

Para o PCP, o protesto é um sintoma de confiança na mudança da situação

A mobilização de hoje contou com o apoio ativo do Partido Comunista Português. O seu Secretário-Geral, Jerónimo de Sousa, fez parte da mesma e declarou que o seu sucesso demonstra que existe "uma grande convergência de diversos setores da sociedade" contra as políticas de austeridade do Governo.

"Não se trata apenas de um grito de indignação e de protesto, mas também de um sentimento de confiança de que é possível uma alternativa a este caminho para o desastre" afirmou De Sousa, que interpreta a maciça participação no protesto como um aval à alternativa patriótica e de esquerdas que defende o PCP.

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