É a maior cidade de Angola e a mais densamente habitada. Projetada inicialmente para uma população a rondar os quinhentos mil habitantes, conta hoje com mais de cinco milhões. Onde está Luanda?, pergunta Luandino Vieira. Luanda está aqui. E está de aniversário. Ou melhor, esteve de aniversario. Se uma cidade se pode fundar num dia, esta, Luanda, foi a 25 de Janeiro de 1576. Vão lá 440 anos. Foi Paulo Dias de Novais que fundou a vila de São Paulo da Assunção de Luanda e lançou a primeira pedra para a edificação da igreja dedicada a São Sebastião, onde se encontra hoje o Museu das Forças Armadas. Porque em toda colónia tem que haver uma igreja e por aí começa o trabalho.
Trinta anos mais tarde, com o aumento da população europeia e do número de edificações, a vila de São Paulo da Assunção de Luanda tomou foros de cidade. De cidade livre umas vezes, de cidade conquistada outras. Como quando esteve sob o domínio da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (sim, a mesma que comerciava com o macassar e já falamos no número 180 de Sermos Galiza) de 1641 a 1648, ano em que foi recuperada para a Coroa Portuguesa. A recuperação foi levada a efeito por uma expedição enviada da Capitania do Rio de Janeiro e uma vez assegurada, a cidade, foi, nos seguintes 300 anos, de 1550 a 1850, um importante centro do tráfico de escravos para o Brasil, para Buenos Aires, para toda a América, que pessoas para escravizar não faltavam. Mesmo há quem diz que desse comércio nasceu o tango.
No século XIX, com cerca de cinco mil habitantes, foi qualificada pelos viajantes como uma cidade de moralidade duvidosa. Não é de estranhar pois possuía uma taberna para cada cinquenta habitantes e nem todos andariam nas tabernas.
No século XIX havia em Luanda, segundo os viajantes, uma taberna para cada cinquenta habitantes. Era um lugar de moralidade duvidosa
Luanda cresceu. Cresceu muito. Hoje conta com uns cinco milhões de habitantes, o que a torna a terceira maior cidade lusófona do mundo, a seguuir de São Paulo e Rio de Janeiro.
Mas esse crescimento não está isento de polémica. Alexandra Simeão, em conversa com Sermos Galiza, falava da destruição dos núcleos históricos, como acontece em muita outra parte do mundo, mas cada um dói-se do seu “infelizmente a parte histórica da cidade de Luanda e de outras cidades tem sido destruída pelo voraz apetite imobiliário. Um país que não respeita a sua história perde os exemplos para o futuro.”
Mas Luanda continua. No ar e no mar. Na boca de todos nós. E como todas as cidades que se orgulham, tem a sua canção, a Canção para Luanda.
E tem o seu cantor. Luandino Vieira.
Canção para Luanda
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