A evoluçom do rendimento agrário: a necessidade de mudar as políticas

Em maio de 2023 publicamos nestas mesmas páginas um artigo sobre a evoluçom do rendimento agrário na Galiza entre 2011 e 2020. Empregamos as cifras publicadas polo Ministério de Agricultura para constatar o seu estancamento em euros correntes. Trasladada a euros reais, para medir a evoluçom do poder adquisitivo, a reduçom foi superior a 5%. Em termos relativos, comparando com a evoluçom do conjunto da agricultura do Estado Espanhol, observamos como neste o rendimento agrário crescia 24 pontos enquanto a suba na Galiza apenas foi de 1,2%. O Ministério de Agricultura atualizou neste ano que vem de finalizar as macromagnitudes agrárias com os dados de 2021. Umhas cifras que venhem corroborar a tendência da década anterior. O rendimento agrário na Galiza cresceu ligeiramente, de tal jeito que neste último ano apenas é 3,4% superior em termos correntes (sem ter em conta o efeito da inflaçom) ao de 2011. Um rendimento agrário que, ademais, segue sendo muito inferior ao do período 2013-2019. Em comparaçom com o conjunto do Estado a evoluçom em 2021 volveu ser pior. O crescimento percentual do rendimento agrário no Estado multiplicou por quatro ao da agricultura galega, 8,8% frente a 2,2%. Na Galiza geram-se apenas 4,4 euros de cada 100 euros do rendimento agrário do conjunto do Estado. O rendimento agrário é o valor da produçom da rama agrária, menos os consumos intermédios (despesas correntes em alimentaçom animal, agroquímicos, reparaçom e conservaçom, energia, sementes, despesas veterinárias…), menos as amortizaçons de capital fixo, menos outros impostos e mais outras subvençons diretas (entre elas desvinculadas da produçom da política agrária comum). Peso da agricultura O peso da agricultura galega no rendimento gerado no conjunto do Estado é muito inferior ao peso que temos em termos produtivos. Em 2021 Galiza aportou 6,8% do valor da produçom da rama agrária do Estado, fundamentalmente pola sua importante aportaçom à produçom animal, 2,4 pontos percentuais mais dos que representamos em termos de rendimento. Este facto explica-se porque tanto as amortizaçons como os consumos intermédios alcançam na agricultura galega valores relativos superiores aos da agricultura do Estado Espanhol. Assim 58 de cada 100 euros produzidos na agricultura galega destinam-se a afrontar o pagamento dos consumos intermédios, frente a 47 no conjunto do Estado. O peso da agricultura galega no rendimento gerado no conjunto do Estado é muito inferior ao peso que temos em termos produtivos No que se refere às amortizaçons estas ascendem a 13% do valor da produçom da agricultura galega, enquanto no Estado só representam 10%. Desta forma na Galiza em 2021 os consumos intermédios e o custo de amortizaçom absorvérom 71 euros de cada 100 produzidos, enquanto no conjunto do Estado ficárom em 57 de cada 100. Mais umha vez cumpre salientar que a maior partida dos consumos intermédios som as raçons para animais. Suponhem 3 de cada 4 euros das despesas correntes da agricultura galega. Outro factor que contribui a explicar a menor capacidade da agricultura galega para gerar renda é o menor peso das outras subvençons. Galiza recebeu apenas 3,1 % das outras subvençons recebidas pola agricultura espanhola. Umha percentagem muito inferior ao peso que temos em termos produtivos ou sociais (emprego agrário). Umha percentagem que ademais tendeu a reduzir-se nos últimos dez anos, desde 4,1% em 2011 até esse 3,1% de 2021. Um ponto percentual que representa 58 milhons de euros. A evoluçom do rendimento agrário galego ao longo das últimas décadas mostra a necessidade de mudar as políticas agrárias. As políticas do governo galego, favorecendo a mobilizaçom das terras de aptitude agrária, tendendo cara modelos produtivos menos dependentes da compra de insumos externos e apostando polas produçons de qualidade. Mais alá das declaraçons propagandísticas as políticas da Xunta da Galiza nos últimos anos nom fórom precisamente nesse sentido. Segundo o Censo Agrário de 2020 no período 2009-2020 a superfície agrária utilizada (SAU) contraiu-se em perto de 50.000 ha na Galiza. Embora haja que tomar com precauçom este comparaçom porque em 2020 o INE cambiou a metodologia de elaboraçom do censo agrário, estariamos falando dumha reduçom de 7,7% da SAU existente em 2009. Também haveria que mudar as políticas da administraçom central para corrigir umha distribuiçom das ajudas diretas da política agrária comum caracterizada pola falta de equidade social e territorial.