Antes de se entregar às autoridades, Lula teve de convencer as milhares de pessoas que barravam a saída da sede do Sindicato dos Metalúrgicos, o local em que passou as suas últimas horas em liberdade, de que o deixassem sair para tomar rumo à prisão. Foi um acto simbólico que reflecte o apoio popular de que dispõe Lula, o candidato que encabeça com grande vantagem os inquéritos para as eleições presidencias de Outubro.
Também havia milhares de pessoas a aguardar por Lula quando este chegou à sede da Polícia Federal em Curitiba, na noite do sábado, para se entregar. Manifestaram-lhe lá o seu apoio e lealdade, com gritos de "Lula, vale a luta"!.
Lula fez da sua entrega um acto político. Num discurso aos seus apoiantes perante a sede do Sindicato dos Metalúrgicos, afirmou: "Todos vocês vão virar Lula. Eles têm que saber que a morte de um combatente não pára a revolução”.
Não por acaso elegera Lula o local do Sindicato dos Metalúrgicos para pôr em cena as horas prévias à sua entrega: o líder do PT já foi preso há 38 anos, durante a ditadura, precisamente pelas greves que dirigiu na sua condição de sindicalista.
Sobre Lula pesa uma condena a 12 anos de prisão por um crime de corrupção -uma empresa teria-lhe dado um apartamento, um triplex, em troca de contratos coa pública Petrobras-, mas a sentença ainda não é firme e está pendente de ser confirmada ou anulada pelo Tribunal Federal Supremo. O PT afirma que Lula foi condenado sem provas e que a causa contra o seu líder é o segundo acto do golpe de estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff.
Nota: nas fotos em branco e preto vê-se as cenas prévias a entrega de Lula -transportado pelos seus apoiantes- nas duas vezes em que entrou em prisão, em 1980 durante a ditadura militar e em 2018.
