Lula volta a chamar a uma frente democrática para o Brasil não cair numa "aventura fascista"

As eleições brasileiras estão praticamente decididas —o último inquérito conhecido coloca Jair Bolsonaro 14 pontos por cima de Fernando Haddad— mas o preso político Lula da Silva não deita a toalha no chão. Por meio duma carta, o ex presidente faz uma nova tentativa para reunir todos os setores democráticos do país por volta da candidatura que apresentam conjuntamente o Partido dos Trabalhadores e o Partido Comunista do Brasil.

lula
photo_camera Lulas, ante de ingressar na prisão

Na missiva, Lula conclama "todos e todas que defendem a democracia a se juntar ao nosso povo mais sofrido, aos trabalhadores da cidade e do campo, à sociedade civil organizada, para defender o estado democrático de direito" face à ameaça que suporia a candidatura do ultra Jair Bolsonaro.

A chamada é uma tentativa à desesperada dum líder político que vê como a sua aposta nestas eleições —ele está impedido de se apresentar ao estar inhabilitado— fica ainda 14 pontos por baixo de Bolsonaro, segundo o último inquérito divulgado por Ibope. Nunca desde a restauração da democracia no Brasil um candidato perdedor no primeiro turno ganhou no segundo. E nunca ninguém descontou uma diferença tão avultada na segunda volta. Em 2014 Dilma Rousseff conseguiu virar os resultados na última semana de campanha, mais ela só ía 4 pontos por baixo de Acácio Neves, na altura o cartaz da direita.

Lula é consciente das enormes dificuldades que apresenta a tarefa de constituir uma frente democrática contra Bolsonaro, empenho no que até agora tem fracassado o candidato Haddad. A maior parte dos quadros dirigentes do Partido da Social Democracia Brasileira, um dos referentes da direita do país, estão, por exemplo, a trabalhar para Bolsonaro. E o líder histórico dos tucanos, Fernando Henrique Cardoso, embora ter dito que não votaria no ultra, também não tem pedido o respaldo para a chapa [ticket eleitoral] do PT-PCdeB.

"Se há divergências entre nós, vamos enfrentá-las por meio do debate, do argumento, do voto. Não temos o direito de abandonar o pacto social da Constituição de 1988. Não podemos deixar que o desespero leve o Brasil na direção de uma aventura fascista, como já vimos acontecer em outros países ao longo da história", escreve Lula na sua missiva.

Comentarios