ELEIçõES EM PORTUGAL/COSTA DESCARTA A HIPÓTESE DUM GOVERNO ALTERNATIVO

A direita não alcança a maioria absoluta e só poderia governar com o apoio do PS

[NOTÍCIA ACTUALIZADA ÀS 8.15]. Com mais do 99% de voto apurado, a notícia é que Portugal à Frente fica muito longe da maioria absoluta e que a direita precisaria o voto afirmativo ou a abstenção do PS para reter a presidência do governo. O Bloco de Esquerda fez a surpresa, ficou por cima da CDU e obteve o seu melhor resultado de sempre. Aliás, a formação comunista também aumentou a sua representação na Assembleia da República.

Sede de campanha de PaF
photo_camera Sede de campanha de PaF


Com os votos apurados já ao 99%, os resultados são os seguintes: Portugal à Frente alcança o 38,34%, o que supõe uma maciça perda a respeito de 2011, quando o PSD e CDS-PP se apresentaram em solitário e obtiveram em conjunto o 50,35% do voto (38,65 e 11,70, respectivamente).

O PS ficaria na segunda praça com o 32,38% do voto. A grande surpresa da noite, não antecipada por qualquer inquérito, foi o Bloco de Esquerda ficar pela frente da CDU, co 10,22% dos sufrágios face o 8,27% tido pela coligação hegemonizada pelo PCP.

Uma das notícias não aguardadas destas eleições legislativas, e que se confirmou muito a última hora, foi o escano conseguido por Lisboa por parte do Partido pelos Animais e pela Natureza.

Ao ter-se já a certeza de Portugal à Frente não conseguir a maioria absoluta, colocava-se como hipótese no cenário um acordo entre o PS e o Bloco de Esquerda para viabilizar a separação da direita do governo. Não era uma hipótese fácil levando em conta os compromisos do PS com as políticas da Troika e o próprio candidato socialista, António Costa, descartou-na ao dizer -na sua intervenção para valorar os resultados- que ele não estaria na criação duma "maioria negativa" contrária a Portugal à Frente. O PS argumenta que um bloco de esquerda com formações que não partilham o Memorando assinado pelo país com a UE não seria "credível".

Atribuição de escanos

 esta altura, e quando ainda ficam por atribuir os escanos correspontendes à emigração, a distribuição de mandatos fica assim:

Portugal à frente: 104 (em 2011 a suma PSD-CDS-PP teve 132).

PS: 85 (em 2011 teve 74).

Bloco de Esquerda: 19 (em 2011 teve 8).

CDU: 17 (em 2011 teve 16).

Partido pelos Animais e pela Natureza: 1 (em 2011 não conseguiu representação).

"Uma coligação de direita em minoria, se for polo Bloco, não fará governo em Portugal"

Bloco de Esquerda. Eleições 2015. Noite Eleitoral. Catarina Martins.

A bloquista Catarina Martins foi a primeira líder em comparecer na noite eleitoral, com uma mensagem muita clara: se a coligação de direita não ter a maioria da Cámara "não fará governo" na hipótese de isso vir a depender do Bloco de Esquerda.

"Sem maioria absoluta, a direita só pode vir a governar com o apoio do PS"

Pela CDU o discurso perante militância e imprensa foi proferido pelo seu candidato e secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa.

Salientou que sem maioria absoluta seria "intolerável" que o presidente da República indigitasse como candidato ao direitista Passos Coelho e ressalvou que o líder de Portugal à Frente só poderia obter a maioria de votos na investidura de ter o apoio do PS.

jerónimo noiteBaixa participação

A alta abstenção marcou o desenvolvimento da jornada eleitoral. Só votaram o 56,9% das pessoas com direito ao sufrágio e, portanto, o 43,1% das e dos eleitores não foram votar.

Que fará o PS?

A chave na nova Assembleia da Republica está nas mãos do PS. Seu líder, António Costa, deixou claro que não vai fazer "um governo à contra", formado a partir duma maioria com um programa "não credível". A direita, esclareceu, "não pode continuar a governar como se nada tivesse acontecido".

Costa ressalvou que o eleitorado votou a favor duma "mudança" e o objetivo do PS na Assembleia da República será precisamente "garantir que essa vontade de mudança não se perca".

O PS, portanto, não tenciona fazer um governo alternativo ao da direita e a sua linha será mais bem a de forçar desde as bancadas da oposição um câmbio nas políticas de austeridade que se vieram practicando por parte do gabinete de Passos Coelho.

Fotos: Portugal à Frente, Bloco de Esquerda e CDU.

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