A cultura galega volve do exilio: Luísa Viqueira
A figura desse profundo ilustrado e humanista que foi Johán Vicente Viqueira fascina. O filósofo bergondês, um homem esquisito e criativo como poucos, soube ver e expressar a mística da galeguidade, essa alma galega composta do lirismo da saudade e do sentimento panteísta da terra.
Apesar da sua breve existência, foi capaz alcançar intelectual e espiritualmente o cerne galego, convertido também nas palavras da nossa língua. E soube ver a necessidade de que os galegos aprimorássemos a nossa condicição, passando de sermos arrabalde a sermos centro. Daí o seu sugestivo galeguismo republicano, laico e progressista, no que o Além-Minho estava presente.
Uma figura desta natureza levou a este articulista a querer conhecer todo o possível acerca da sua obra e circunstância, também a familiar. Sabia-se do seu matrimónio com a extremenha Jacinta Landa. Mas o que lhe tinha sucedido à súa família?
Por pescudas documentais descobri que tinha morto no México. Soube da existência dos filhos e netos, residentes naquelas terras norte-americanas. Escrevi ao correio de um deles, do professor universitário Manuel Rodríguez Viqueira. A partir desse contacto e com outros posteriores tive dados da família e nomeadamente de Luísa Viqueira. Achei muito interessante todo o que me contou do exílio dos galegos no México.
Propus então à Comisión pola Recuperación da Memoria Histórica da Crunha que lhe fosse entregado o prémio de “Republicana de Honra”. Era um jeito de homenagear essa extraordinária familia de intelectuais e de pessoas progressistas e à vez a todo o exílio galego. A proposta foi aceite com entusiasmo.
A partir desse momento a biografia de Luísa Viqueira começou a ser conhecida pela cidadania galega.