Opinión

A Igreja e os/as homossexuais

A jerarquia católica volveu nestes dias a condenar as relações homossexuais. A Congregação para a Doutrina da Fé respondeu à pergunta de se a Igreja pode dar a sua benção às parelhas homossexuais: “Não é lícita uma benção às relações, ou mesmo a parelhas estáveis, que implicam uma praxe sexual... fora da união indissolúvel dum homem e duma mulher”. Aparte de perverter o senso evangélico da benção: desejar-lhe os bens de Deus aos amigos que a pedem, e mesmo aos inimigos (Lc 6,28), esta declaração traz-nos de novo a postura da Igreja frente às pessoas e ao coletivo LGTBIQ+, que desafortunadamente volve ser negativa.

A jerarquia segue empenhada na sua tradição doutrinal, sem entender que as relações homossexuais podem ser de amor e, polo tanto, boas e bem-queridas por Deus. Segue a dizer que se uma parelha de gays ou lesbianas diz que estão verdadeiramente namorados, trabucam-se, é uma ilusão. Para além da insignificância da sua opinião a este respeito –a maioria social pensa e decide pela sua conta–, outra volta a jerarquia da Igreja –sem ter em conta a grande parte do povo de Deus– manifesta estar fora da evolução histórica e social do seu tempo; fora dos avances nos direitos humanos que supõem o direito a amar com respeito a quem e como um queira; fora do conhecimento que nos deram as ciências humanas e a experiência de que há um espectro muito variado e legítimo de orientações sexuais humanas; fora da realidade de que as relações de amor não estão necessária nem exclusivamente centradas na procriação. Isto faz sofrer a muita gente, mesmo cristã, e está contra a misericórdia e o amor de Jesus com os excluídos. Infelizmente, a esperança de que o papa Francisco ia libertar o estancamento da doutrina tradicional a este respeito, fazer avançar a reflexão e mesmo corrigi-la, esfumou-se de novo, e semelha seguir na linha dos seus predecessores.

No entanto, importantes sectores da Igreja já manifestaram que seguirão a abençoar as uniões homossexuais exigindo a modernização da Igreja, porque –como diz um grupo de curas austríacos– “as parelhas homossexuais podem celebrar o amor de Deus na Igreja igual que o resto”.

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