Opinión

Homossexualidade e cristianismo

Como é sabido, a homossexualidade é vivida em conflito nas religiões monoteístas; tanto no cristianismo, como no judaísmo e no islam (ver R. Bethohmont-M. Gross, Homosexualité et traditions monothéistes. Vers la fin d’un antagonisme?). Um conflito que tem levado nas três religiões a condenar duramente as práticas homossexuais, e que afunda as suas raízes nos mesmos textos fundacionais: a Bíblia e o Corão. Na Bíblia, tanto para cristãos como judeus, devido a uma interpretação incorreta da conhecida história de Lot e Sodoma –que deu origem à “sodomia”–, às leituras evasivas da história do rei hebreu por excelência (David), na sua relação com Jonatão, e doutros textos do Antigo Testamento; e nos cristãos por não interpretar corretamente os textos alusivos do Novo Testamento, particularmente nas cartas de São Paulo. O Corão menciona em duas suras a história de Lot e a destruição de Sodoma por “atos malvados”, particularmente a homossexualidade; pelo qual condena severamente a sua prática. Outras religiões são mais tolerantes a este respeito.

A história da Igreja é penosa na dura condena da homossexualidade, desde os primeiros séculos até hoje. O papa atual mostrou-se algo mais tolerante; mas já tenho falado aqui das suas contradições. Recentemente, o Vaticano manifestou-se em contra das terapias de “conversão gay”, particularmente desautorizando “Verdad y libertad”, uma plataforma civil espanhola católica vencelhada a estas práticas com o apoio dalguns bispos. A revista da Igreja Vida nueva intitulava um editorial recente: “Ser gay não se cura, acompanha-se”.

Felizmente, fronte a lgtbifobia que ainda padece a Igreja oficial e sectores laicos conservadores desta, há muitos padres que abençoam as parelhas homossexuais com ritos semelhantes ao matrimónio, e coletivos católicos homossexuais. Salientam alguns que se podem topar na Internet: “Cristianos gays” –um “espaço de encontro para crista@s unid@s contra a lgetebfobia” –, “Betania LGTBEI+” –um “grupo formado por gays, lesbianas, trans e pessoas que querem achegar-se à realidade crente LGTBI+”–, ou “Crismhom”, uma “comunidade cristã LGTBI+”.

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