Opinión

Dario, Manuel e um servidor

Muito e merecidamente se escreveu estes dias sobre o finado Dario Xoán Cabana, um dos grandes da literatura galega contemporânea. Eu também lembrei a nossa relação, ainda que não fora muito grande.

Particularmente, lembrei o correio que tivemos com ocasião da conferência num Simpósio da Real Academia Galega sobre Manuel María (2016), no ano dedicado ao poeta chairego. Dario dera nele a conferência inaugural: “De ‘Muiñeiro de brétemas’ a ‘Advento’: a progresión fulgurante”. Eu andava então por Colombia e não pude participar. Dario mandou-me o texto com um correio em que dizia: “Tiven ocasión de aludir na miña conferencia ó teu excelente ensaio sobre Manuel María como poeta cristián; aspecto esencial da súa obra que os ateos coma min parecen eludir máis do debido –niso non coma min”.

Estava a falar dum ensaio meu publicado anos antes: “Poeta relixioso cristián” (em Manuel María, Lugo 2000). “O ensaio de Pérez Prieto é interesantísimo –dizia-, e mesmo de lectura imprescindible, pois ilumina dous aspectos ben importantes –e polo menos un deles esencial– da obra do noso poeta: a relixiosidade persoal, por así dicilo existencial ou existencialista, e a celebración e comuñón na relixiosidade popular”.

O meu trabalho fora muito apreciado por Manuel Maria. Falara com ele antes de escrevê-lo numas longas conversas na sua casa da Corunha. Logo, com o texto publicado, manifestara-me os seus parabéns, dizendo-me que concordava com o que escrevi; que soubera interpretá-lo acertadamente, e que era dos trabalhos que mais lhe gostaram do livro. Porém, o meu ensaio foi criticado por algum dos seus leitores como uma espécie de “manipulação” querendo recuperá-lo para a Igreja; coisa muito longe da minha intenção, como soube interpretar Manuel e logo Dario.

Alegrei-me que uma pessoa que se declarava ateia, valorasse este aspecto da poesía de Manuel como “esencial da súa obra”; tal como eu o considerava no ensaio. Os seus conhecidos versos: “Son dunha caste rexa de labregos/ fideles á súa terra i ó seu Deus” (“Carnet de identidade”, Documentos personaes), eram mais que um recurso literário, eram uma autêntica confessão de fé cristã, segundo me reconheceu o próprio Manuel.

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