Opinión

O Cosal e Ferrolterra

Este ano de 2021 faz os quarenta da fundação dum dos movimentos mais formosos e generosos que deu este país: o Comitê de Solidariedade com América Latina (COSAL) de Ferrolterra. Não nasceu da nada, tinha detrás o trabalho solidário dos concelhos da comarca com os seus alcaldes: Ferrol e Jaime Quintanilla, Fene e Xosé Mª Rivera Arnoso, Narom com Antón Aneiros e logo Xoán Gato; e outros militantes e organizações.

Essa base social e política –concelhos de Unidade Galega, BNG e PSdeG-PSOE comprometidos com os problemas reais do seu povo, junto com líderes sindicais e políticos e curas comprometidos– manifesta que o COSAL não foi um movimento que fugira dos problemas de Galiza para ocupar-se dos duns povos de longe, mas a expressão da solidariedade com situações de injustiça e violência, sentindo que a realidade dos irmãos/ãs que sofrem longe de mim, é também a minha. Como dizia Celso Emílio e cantava daquela “Fuxan os ventos”, “común témo-la patria/ común a loita ambos”: “Si é tua a miña noite/ si choran os meus ollos o teu pranto/ si os nosos soños son iguales/... Se sofres a inxusticia/ se cheo de rabexa/ encirras á cobiza/ do teu peito can/ pra ti chea de forza/ vai miña mau irmán” (“Irmans”).

Os anos 70 e 80 foram convulsos nos países de América Latina. Por um lado, as guerras civis que viveram El Salvador, Guatemala e Nicarágua; mas também a repressão em Chile, Colômbia, Argentina, Honduras... A injustiça clamorosa, a violência extrema e a repressão que afetou campesinos, obreiros, líderes sindicais, políticos e religiosos comprometidos, levou a persoas e organizações no exterior, sobre todo na Ibéria, a acompanhá-los com um apoio e uma entrega generosa que ia além das palavras, com apoio económico e com  o envio de pessoas comprometidas nos movimentos revolucionários.

Os resultados destas lutas foram desiguais; porém, esses esforços mereceram a pena, porque a solidariedade sempre nos faz medrar como pessoas.

O resgate desta memória coletiva refletem-no magnificamente Antón Blanco, Xaquín Ros e Anxo Currás num volume que vem de ver a luz com esta ocasião: COSAL. Comité de Solidariedade con América Latina. Unha experiencia solidaria en Ferrolterra.

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