Opinión

Ainda mais de religião…

Não costumo seguir com o mesmo tema nesta coluna várias semanas seguidas, mas nesta ocasião vai uma terceira pela multiplicação de comentários que suscitaram as anteriores. Tampouco adoito responder aos comentários, e gosto que o debate seja entre os que participam, em ocasiões muito rico. Mas nestas duas fiz algum comentário; como estes alongarem-se vários dias, cuidei seria bom trazê-los aqui. Bem sei que muitas vezes os comentários aos artigos na rede são uma pura brincadeira; mas a multiplicação destes quando trato temas de religião, e ultimamente também pela minha escrita, indica o que revela: podem ser interesse e preocupação pelo tema. O mau é que são maiormente anónimos.

Frente à acusação de que as crenças religiosas são “chorradas do povo”, “supersticións anticientíficas”, e ao ver que não valiam os meus argumentos, tive que apelar aos meus dois doutoramentos em Filosofia (USC) e Teologia (UPSA) e os milheiros de páginas publicadas, para arguir que ser um crente-religioso não supõe, necessariamente, nem falta de inteligência, nem má fé, nem cumplicidade com o stablisment opressor, mas tudo o contrário: lucidez.

E frente à acusação de que, em definitivo, trata-se de “medo e canguelo ante o Alén”, tive que confessar que para o que isto escreve e outros muitos, junto com algumas das pessoas de mais lucidez e qualidade humana da história –entre elas grandes científicos do s. XX– a experiência religiosa não nasceu do medo, mas do desejo de plenitude no Conhecimento e no Amor: querer viver a vida em profundidade, e não na superficialidade, a inconsciência e a mentira.

Em fim, ainda que seja certa a lista de contradições do cristianismo e as outras religiões, e, o que é mais grave, a sua história de sangue e opressão dos débeis; se falamos dos mortos causados pelas ideias cristãs, de quantos teríamos que falar pelas ideias político-sociais liberais ou socialistas, os milheiros de mortos da revolução francesa e das revoluções socialistas na URSS, China, a repressão dos khmers vermelhos, etc.?  Porém, se isto não invalida o valor do socialismo, por que ia invalidar o valor do cristianismo?

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