Opinión

Geremos alternativas perante aceleraçom da crise do regime espanhol

O regime espanhol pós-franquista atravessa a maior crise da sua história, só comparável com a vivida a inícios dos oitenta, saldada com a involuçom política imposta polo autogolpe de estado de 23 de fevereiro de 1981.

O regime espanhol pós-franquista atravessa a maior crise da sua história, só comparável com a vivida a inícios dos oitenta, saldada com a involuçom política imposta polo autogolpe de estado de 23 de fevereiro de 1981.

Tal como naquela altura, a burguesia e as potências imperialistas pretendem impor umha restruturaçom do sistema, furtando a capacidade de decisom popular. O modelo está esgotado, necessita umha profunda restruturaçom, mas pretendem pilotá-la para perpetuar os privilégios e melhorar os mecanismos de dominaçom.

A situaçom em curso emascara a urgência de impor umha nova transiçom reduzida aos interesses da troika e em menor medida da cada vez mais desprestigiada burguesia espanhola, que assegure a estabilidade política e institucional para seguir implementando os ritmos e a agenda do pacote neoliberal que Berlim, Bruxelas e Washington tenhem traçado.

Embora siga afirmando que nom passa nada, o governo de Rajói está repleto de cadáveres políticos. Semelha mais um governo zombi, interino, à defensiva, que um governo que desfruta de umha ampla e sólida maioria absoluta nas Cortes.

Encadeiam-se basicamente três crises interrelacionadas

A profunda crise económica provocada polo estalido da bolha financeira e da virtual economia de casino e especulativa no quadro da crise sistémica internacional do capitalismo senil, vai acompanhada pola aceleraçom da crise política sustentada no enorme descrédito da casta política cleptocrática.

Mas também umha crise institucional de desprestígio dos principais partidos e sindicatos do regime e da monarquia bourbónica imposta por Franco para manter a unidade territorial do mercado unificado. É essa umha necessidade do bloco oligárquico para manter os seus privilégios à custa de explorar os povos trabalhadores da Galiza e das outras naçons oprimidas.

Os recentes casos de corrupçom generalizada que envolvem a direçom do PP e o governo espanhol, assim como destacadas figuras da monarquia, tam só acelerárom o processo de descomposiçom do sistema imposto em 1977.

Após a vitória do PP por maioria absoluta em novembro de 2011, manifestamos que esta legislatura ia ser complexa, instável e turbulenta, que o governo de Rajói era um governo débil que tinha enormes probabilidades de nom finalizar o seu mandato. A situaçom confirma os prognósticos da esquerda revolucionária independentista.

Cenários variados e abertos

A ofensiva mediática que os principais meios de comunicaçom espanhóis estám a realizar contra o governo, pola corrupçom generalizada que salpica o PP, nom é casual nem improvisada. Procura basicamente criar as condiçons subjetivas que facilitem a recomposiçom controlada do regime.

Com toda a probabilidade, contemplam vários cenários, mas todo indica que a burguesia carece de umha alternativa solvente e viável no seio dos partidos do regime. O descalabro da legitimidade do governo de Rajói -com a desafetaçom de metade do eleitorado atingido há 14 meses-, nom vai acompanhado por um incremento do apoio a um PSOE estagnado e sem credibilidade social. O bipartidarismo e a alternáncia política já nom funcionam adequadamente.

UPyD e IU -que a nível estatal estám a absorver eleitoralmente a indignaçom social-, nom contam de momento com o aval da burguesia, polo que se o PP nom consegue solucionar a crise política e institucional enlaçada com a económica e social, a hipótese mais plausível é um “golpe de estado institucional”, seguindo o modelo grego e italiano. A troika imporá um governo de “concentraçom nacional” encabeçado por um tecnocrata, similar ao que afastou Papandreu e Berlusconi, para assim garantir a continuidade dos planos e receitas de saqueio e empobrecimento das imensas maiorias sociais e a unidade de mercado chamada Espanha.

Dependerá da capacidade popular para evitarmos a imposiçom de ambas possibilidades. Até o momento a resposta social tem sido raquítica. O povo semelha ainda estar abafado e em shock polos papéis de Bárcenas e polo grau de corrupçom e degeneraçom de umhas elites que se enriquecem à custa de solicitar austeridade e sacrifícios que só provocam empobrecimento, desemprego, emigraçom, precariedade.

É necessário pois nom alimentarmos o caos controlado que pretende impor o sistema em base a populistas palavras de ordem de “todos os partidos som iguais”, pois consciente e inconscientemente nutrem a saída autoritária que em caso extremo nunca descarta empregar a burguesia.

Iniciativa galega e de esquerda

É o momento de atingir a máxima interlocuçom e cumplicidade entre a esquerda política e social que coincida na necessidade de solicitar a demissom do governo de Mariano Rajói, mas basicamente de apostar na ruptura democrática e na abertura de um processo constituinte galego alicerçado na soberania nacional e na superaçom da economia de mercado.

Há que aproveitar a atmosfera subjetiva de diálogo e interaçom do movimento popular e das suas organizaçons, para mantermos coletivamente iniciativa política e movimentar o nosso povo em chaves soberanistas, feministas e anticapitalistas.

Espaços integradores que sem excluir ninguém, facilitem a integraçom, respeitando que o centro de gravidade deve ser Galiza e a ruptura com o sistema. É a hora das multidons, da rua, da mobilizaçom e intervençom social.

Mas também de acompanhar as outras naçons oprimidas nos seus desafios ao hegemonismo assimilacionista espanhol.

Galiza nom pode seguir nem ficar fora de jogo. A esquerda patriótica tem um repto que deve superar com sucesso porque está em jogo a sobrevivência da Naçom.

Nom se pode depositar a mais mínima confiança nas forças da esquerda reformista espanhola. Duas recentes declaraçons de Cayo Lara revelam os verdadeiros objetivos e limitaçons congénitas de IU. Negar o exercício de autodeterminaçom das naçons oprimidas ao questionar o direito “unilateral” de decidir a separaçom de Espanha por parte do povo catalám, e alertar sobre um possível estalido social perante a crise do regime.

Nem querem contribuir a emancipaçom da Galiza e do resto de naçons e povos oprimidos por Espanha, nem som partidários de promover a necessária revolta popular pois apostam decididamente na via parlamentar-institucional.

Estamos pois em condiçons de construir desde o respeito mútuo, e a pluralidade política e ideológica, um espaço de luita e mobilizaçom popular e nacional que injete confiança e esperança à imensa maioria do povo trabalhador galego, evitando assim a resignaçom paralisante e as tentaçons populistas.

-Este artigo, redixido na normativa AGAL, foi o primeiro en ser publicado en galego no portal portugués resistir.info.

Comentarios