Literatura moçambicana. Que ler?

Sónia Sultuane e Hirondina Joshua em conversa com Sermos Galiza falam dos textos de que mais gostam. Não é uma recensão, mas uma conversa informal

Sónia Sultuane e Hirondina Joshua
photo_camera Sónia Sultuane e Hirondina Joshua


Falamos com Sónia Sultuane e com Hirondina Joshua. Em conversa quase simultânea. Perguntamos que três autoras ou autores moçambicanos, ou obras, recomendariam aos leitores de Sermos Galiza e por que razão. Temos que vencer algumas reticências “não gosto de dar referências nem tão pouco falar de outros escritores pois não é correto referenciar uns e outros não”, diz Sónia. Insistimos: não queremos referências críticas nem académicas: só o que elas gostam e acham que poderia gostar uma leitora, um leitor da Galiza. Questão diferente é que, se calhar, não será fácil achar entre nós as obras referenciadas. Mas isso é um outro assunto. Eis a listagem de Sónia Sultuane:

Recomenda ler Paulina Chiziane porque “resgata tradições, hábitos e costumes muito nossos”. Obra: Niketche.

Eduardo White, a poesia escrita, doida é sentida por um homem profundamente conhecedor do sentir das mulheres. Um Ser "apaixonado" e "entregue" às mulheres. Obra: O país de mim.

E finalmente, Mia Couto inventor de palavras de magia verbal, linguística, da língua sem fim e sem princípio, da língua que ninguém conhece mas todos percebem. Obra: Terra sonâmbula.

Também não é fácil para Hirondina Joshua dizer quais as três obras de que mais gosta. E, curiosamente, coincide com Sónia numa obra: Niketche e num autor: Mia Couto.

De Niketche, diz: É um romance que dá azo à cultura e tradição moçambicana e descreve de forma detalhada o "modus operandi" da poligamia, com personagens de uma alma psicológica intensa e diferenciada. O retrato aparece de forma lírica e divertida com aquele ar natural e justo dos personagens. Qualquer um se sente dentro da história.

Quanto a Mia Couto, recomenda E se Obama fosse Africano?. “É um livro de ensaios que pelo menos a mim mostrou um lado muito aguçado na forma de abordar e olhar a realidade social moçambicana, de modo vivamente literário sem deixar de ser analítico e profundo”. 

Finalmente, também coincidem num nome: Eduardo (White para uma, Mondlane para a outra)
Eduardo Mondlane – Xitlango, o filho do chefe. É uma autobiografia do primeiro Presidente da Frelimo. Narra de forma exímia a sua vida. Um dos melhores escritores que já li.

Cinco obras a recolherem uma conceção de país.  “Tentei ser o mais racional possível e pensar num todo como país”, diz-nos Sónia. Dos melhores textos que já li, diz Hirondina. Com ela mantemos uma outra conversa no semanário que irá sair do prelo esta quinta feira.

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