Diplomacia cubana em ação

Cuba está em intensa movimentação diplomática no quadro do exercício de uma política externa voltada para contornar os perigos do isolamento, algo fundamental para enfrentar no plano externo o bloqueio estadunidense. Simultaneamente, essa movimentação resulta em relevante contribuição para elevar o papel dos países do Sul Global nas relações internacionais e situá-los em posição favorável nesta fase em que emerge o mundo multipolar. O presidente cubano, Miguel Díaz Canel foi à Europa em viagem que termina este sábado, 24, com paradas na Itália, França e Sérvia, ocasião em que manteve conversas de alto nível com autoridades desses países e participou de eventos multilaterais, diversificando laços econômicos e políticos que terão reflexos para o desenvolvimento nacional, numa fase em que, ao aperfeiçoar o modelo econômico do país, torna-se indispensável a abertura ao exterior. Anteriormente, o primeiro-ministro da maior das Antilhas, Manuel Marrero, esteve na Rússia, onde firmou importantes convênios bilaterais e participou no concorrido Fórum de São Petersburgo, ocasião em que manteve contato com empresários de diferentes setores e autoridades governamentais de vários países. Na França, o chefe de Estado cubano participou, na condição de presidente temporário do G77 + China, da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Mundial. O giro europeu de Díaz-Canel abre novas oportunidades para fortalecer parcerias e cooperação mútua O giro europeu de Díaz-Canel abre novas oportunidades para fortalecer parcerias e cooperação mútua. Outra ação da política externa cubana que tende a impactar positivamente seu desenvolvimento interno e contribuir para a construção de nova ordem política e econômica mundial foi a convocação da Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do Grupo dos 77 mais China, que será realizada na capital cubana nos dias 15 e 16 de setembro deste ano. O evento terá como tema central os desafios atuais do desenvolvimento, com ênfase no papel da ciência, tecnologia e inovação. O encontro pode ajudar as nações em desenvolvimento que fazem parte do Grupo a encontrar e desenvolver, em conjunto, soluções para os problemas mais graves que o mundo enfrenta, combatendo as desigualdades e os entraves ao progresso social. Nesse sentido, ganham força a solidariedade e a cooperação internacional. Grupo dos 77 Desde que foi criado, em 1964 no seio do Movimento dos Países Não Alinhados, o Grupo dos 77 quase duplicou o número de participantes. Hoje fazem parte dele 134 nações da América Latina, África, e do sul da Ásia. Em 1992 incorporou-se a China, que participa e colabora externamente. A Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do Grupo dos 77 mais China poderá constituir-se num palco para condenar toda prática hegemonista e discriminatória nas relações internacionais, rechaçar atos de ingerência externa sobre assuntos nacionais, práticas coercitivas como sanções e bloqueios, ameaças de golpes e intervenções e tornar-se, mais uma tribuna em favor do Direito Internacional, da paz e da autodeterminação dos povos. Eventos como esse têm um claro sentido contra-hegemônico na conjuntura em que a ordem econômica é marcada por injustiças e a marginalização das nações em desenvolvimento. Em tempos como o atual de crise sistêmica, de escalada de tensões e conflitos em que as grandes potências imperialistas buscam impor novas formas de dominação e hegemonia, os países em desenvolvimento têm muito a contribuir para o desenvolvimento compartilhado por toda a humanidade e a paz mundial. Mesmo considerando a diversidade de posições políticas e ideológicas no âmbito do Grupo, será também um momento de construção da unidade, da geração de consensos, como método para avançar na realização das legítimas aspirações de desenvolvimento e progresso social das nações que o integram. Progresso social As atuais movimentações da diplomacia cubana guardam relação com as ações em prol da concretização dos valores fundamentais da principal articulação geopolítica de que a ilha socialista participa, a Celac –Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos–, onde são fortes os apelos à integração regional, à soberania nacional, a paz e a democracia. Assim, são notícias alvissareiras as atuais iniciativas diplomáticas de Cuba. Em seu conjunto são ações que contribuem para a luta anti-imperialista nas novas condições do mundo, em um momento tão turbulento em que se torna ainda mais complexo o desafio de buscar o progresso social, a liberdade, a autodeterminação dos povos e nações, a paz e a justiça.