Contracultura

Jon Amil, presidente da Associaçom Galega da Língua: "Devemos incidir de jeito específico na infância e na mocidade, os setores mais desgaleguizados"

Jon Amil, nascido em Vigo, é o novo presidente da Associaçom Galega da Língua (AGAL) escolhido por uma ampla maioria. Nós Diario conversa com ele para tratar a sua presidência, as linhas de trabalho da AGAL e a situação da língua. 
O recentemente escolhido presidente da Associaçom Galega da Língua, o viguês Jon Amil. (Foto: Cedida)
photo_camera O recentemente escolhido presidente da Associaçom Galega da Língua, o viguês Jon Amil. (Foto: Cedida)

—A AGAL escolheu você como o seu novo presidente. O que significa isto para si?
Pois é uma honra, é claro. Mas nom é uma honra porque eu seja o presidente, afinal o presidente é só uma pessoa no meio duma equipa. É uma honra porque tenho a imensa sorte de poder fazer parte dum Conselho formado por gente maravilhosa como Susana Álvarez, Manuel S. Nóvoa, João Lousada, Vítor Garabana, Mar Lopes, Eduardo Maragoto e Wika Grygierzec. O trabalho é de toda a equipa, a diferença é que sou eu quem fala nas entrevistas.

Mesmo assim, de maneira mais pessoal, tenho que dizer que é bastante emocionante. Há uns anos era um rapazolo sem muita ideia da língua, um babeco que descobrira por acaso o reintegracionismo e estava fascinado por todo o que fazia a AGAL. E agora sou eu quem está aqui, falando no nome da AGAL.

—Quais é que serão as principais linhas de trabalho da Associação para os próximos anos baixo a sua presidência?
O nosso programa tem duas linhas bem definidas. A primeira delas é continuista com o trabalho realizado nos últimos anos da AGAL. Projetos como a Através Editora, o PGL, as leituras continuadas, os cursos aPorto… som iniciativas de muito êxito que temos que continuar e potenciar. Também vamos aumentar esforços na Comissom Linguística, para poder fazer novas ferramentas para todas as pessoas galegofalantes. E, é claro, continuaremos com a nossa proposta em prol do binormativismo, a coexistência do galego RAG e do galego internacional.

A segunda das linhas é inovadora, e procura chegar a aqueles âmbitos dos quais a AGAL está mais afastada. Vamos potenciar as redes sociais da associaçom seguindo o modelo @emgalego, espalhar a nossa mensagem duma maneira otimista, empática e não beligerante. Também vamos incidir de maneira específica na infância e na mocidade, que som os setores da sociedade mais desgaleguizados, onde está em jogo o futuro da língua. Por último, temos uma dêveda com o coletivo LGBTIQA+, e vamos pôr o foco em dar suporte linguístico às associações e acompanhar e trabalhar na chamada linguagem nom-binária, linguagem neutra ou linguagem inclusiva ('todes').

—Equilibrar a participação de homens e mulheres na AGAL vai ser um dos objetivos principais, não é?
É. Na AGAL temos um problema na questão de género, e nom podemos olhar para o lado. 76% das pessoas associadas na atualidade som homens. 6 das 7 pessoas que ocupárom a presidência da associação fôrom homens. Dos últimos 10 livros publicados pola Através Editora, 8 fôrom escritos ou coordenados por homens. E, apesar do nosso esforço e consciência, na atual equipa do Conselho somos 5 homens e 3 mulheres. Algo estamos a fazer mui mal. Necessitamos revisar-nos, fazer autocrítica e tomar medidas para que a nossa associação seja um espaço seguro para todas as pessoas.

—Qual é a sua valoração da situação da língua galega na atualidade?
Eu penso que o importante nom é que eu dê uma valoraçom subjetiva, afinal cada quem fala da feira segundo lhe vai nela. Temos é que ir aos dados objetivos, analisá-los e elaborarmos um diagnóstico, porque só com o diagnóstico certo poderemos administrar os remédios adequados.

Por exemplo, os últimos inquéritos mostram que até 23,9% das crianças da Galiza entre 5 e 14 anos de idade não sabem falar em galego. Aí é que está realmente o futuro, a bater na nossa porta. Que podemos fazer a respeito? Laiar-nos porque o galego está condenado? Fazer orelhas moucas e continuar como até agora? Não. Temos que estudar os dados no seu conjunto, analisar os fatores que levam a essa situaçom, e decidir que consensos é que podemos criar na sociedade galega para solucioná-lo.

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