Opinión

'A unidade e a harmonia da Realidade'

O último ensaio que venho de publicar tem um título longo A unidade e harmonia da Realidade, e um subtítulo Complexidade e ecologia. Ainda que longo, agradeço a Galaxia que o respeitara, porque reflete bem de que vai. Fala de algo conhecido como é a ecologia –ou a ecosofia, que diz Raimon Panikkar- e de algo menos conhecido como é a complexidade. Esta não tem que ver com algo complicado, difícil... senão com o significado etimológico da verba: complexus, "o que se tece junto". Tem que ver com relação: "A realidade é um tecido sem costuras", diz Bruno Latour.

De maneira semelhante á ecologia, a complexidade fala da unidade e a íntima relação de todo o que é: Nada tem existência sem as relações que conformam a Realidade. Desde os humanos e o resto dos seres vivos e mesmo inanimados, até o mesmo Deus, tal coma o entendo eu e o entendemos milhões de cristãos e doutras religiões; ainda que ao longo da historia as igrejas manifestaram demasiado um Deus que é dominação e mesmo opressão mais harmonia.

Por isso, nesta busca da harmonia da Realidade o livro parte da ciência moderna, da Física, e segue com a Filosofia, para chegar á Teologia e a Mística, como maneiras complementarias de achegar-se a única Realidade. Não só está presente a ciência e o cristianismo, senão as outras religiões, sobre tudo de Oriente. Porque este livro nasceu duma vontade de apreender sem prejuízos; superando os velhos conflitos fe-ciencia e cristianismo-religiões, assim como a pretendida superioridade europeia fronte as outras culturas, "atrasadas" e pre-científicas. Fronte á heteronomia que supunha dependência e vontade de imposição dum modo de conhecer fronte ao outro, como ocorreu coa teologia verbo da filosofia e a ciência, e logo coa autonomia que levou a caminhar ambas por separado, aposto pela ontonomia: a relação necessária de todas as esferas do saber e o conhecimento, que se complementam.

Como digo no capítulo introdutório, o meu ensaio tem que ver com viver de maneira consciente, e não inconsciente; com reconhecer o que somos: relação com tudo. Somos terra e espírito, formamos parte da Matéria e do Espírito que tudo o envolve. Por isso, o buddhismo ensina que na compreensão e no conhecimento está a essência do amor e a harmonia; como diz o mestre Thich Nat Hanh: "Sem compreensão não é possível o amor".

A estrutura do livro arrinca do que nos ensina a nova Ciência sobre a Realidade material desde o século XX, que vê a Realidade coma um tudo –um caosmos, que di Morin, "o produto dunha desintegración organizadora"-, fronte a velha Ciência reducionista e mecanicista. Logo o que nos ensina alguma Filosofia contemporânea e a velha "filosofia perene", presente na maior parte das culturas; particularmente Edgard Morin e Raimon Panikkar, com os que tive o privilégio de ter relação, sobre tudo com o ultimo.

Cara á metade do livro, passo a falar da perspectiva do ecologismo; desde o desafio ecológico e a sabedoria das culturas primitivas e orientais, até chegar a perspectiva bíblica, que –ainda que foi justamente criticada pelo seu antropocentrismo– invita a ver a harmonia do universo e denuncia o pecado contra a natureza; Jesús de Nazaret viveu intensamente essa harmonia e chegou a ser o Cristo cósmico.

Nos dois capítulos finais falo de teologia e a espiritualidade. En primeiro lugar, de como a fé bíblica e cristã verde foi atraiçoada na teologia e a praxe cristã durante séculos, pero que hoje vai acetando o desfio da ecologia. A encíclica Laudato si do papa Francisco é o melhor exponente disto, repetindo que tudo e relação. O derradeiro titula-se 'Cara a unha ecoteologia e unha ecoespiritualidade'; penso que é aqui onde vai a minha aportação mais importante, na linha do meu livro anterior Do teu verdor cinguido. Ecoloxismo e cristianismo (1995), pero mais elaborado e madurado, na progressão do meu pensamento; consciente do dito medieval: "Caminhamos a ombros de gigantes e assim podemos ver mais longe". Sego coa mesma teima, Matéria e Espírito estão intimamente relacionados; afundando na Matéria afunda-se no Espírito, que está em tudo, e podemos viver na harmonia da Realidade.

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