Opinión

O facho de D. Jenaro

De entre as muitas lembranças que guardo daquele homem grande e irrepetível que nunca quijo fazer do seu coraçom galego tripas com que escorrentar a fame das mui espanholas noites franquistas e borbónicas, hai umha que quero compartilhar com vós.

O cenário é umha praça de Ponte Vedra, o tempo -salvo erro- um dia da Galiza Mártir, o público um feixe de nacionalistas. O protagonista ele, D. Jenaro Marinhas del Valle.

Ali, ao arrepio de tanta fanfarra auto-elogiosa que por vezes sofremos, D. Jenaro, com palavras isentas de retórica e voz de nom fumador, botou um discurso que nos deixou de boca aberta. Contrariamente ao que tam amiúde afirmávamos -sentenciou- a sua geraçom nom transmitira facho algum a ninguém. O exílio, a repressom e o medo encerrara os sonhos e paralisara os braços. E no entanto, o archote estava máis umha vez acesso e ele agradecia à nova camada de militantes ter feito rebentar lume onde parecia que só havia brasas.

Que D. Jenaro era um homem de modéstia exemplar é cousa bem conhecida e portanto só a essa circunstáncia devemos atribuir umha afirmaçom tam inexacta como a que tivemos a sorte de ouvir naquela praça de Ponte-Vedra.

Mas, dito isso, e agora que vou aproximando-me à idade do D. Jenaro daqueles anos e começo a ouvir gente jovem que agradece o legado que supostamente lhe passa a minha geraçom, acho pertinente traer a lume aquelas palavras e chamar a atençom sobre um feito -em termos históricos- recente.

Hai uns anos, ninguém ignora por quê, o nacionalismo galego viveu horas de grandes dificuldades despois de umha etapa em que parecia -parecia- que as cousas corriam bem. As novas dificuldades pugerom à prova persoas e organizaçom. Houvo quem optou por abandonar, quem preferiu tentar sorte em alternativas eleitoralmente mais bem sucedidas, quem se mantivo expectante...

E houvo também quem decidiu meter as maos nas brasas e apanhar os magros restos do facho por ver de lhe insuflar vida nova. Queimou os dedos, esgotou o fôlego, folgou pouco e tivo cativa recompensa. Mas nom afrouxou. E, passado um tempo, veu a primeira trégua, modesta mais esperanzadora. A segunda foi máis firme. A terceira un pequeno êxito. A última, umha vitória sem paliativos.

Como hai alguns anos que D. Jenaro nom anda por aquí para poder agradecer em persoa o muito que nacionalistas -e nom nacionalistas- devemos a esta corajosa fornada de militantes que reacendeu o lume com brio e convicçom, atrevo-me a o fazer eu por ele.

Vendo como com tam poucas tripas foi capaz de fazer tanto coraçom, baixo tam grande tormenta tamanho lume, há ficar bem contente D. Jenaro ao ver que assino no seu nome este reconhecimento. Foi ele quem me autorizou antes de se despedir. Com umha importante salvaguarda, sempre que seja em bem do nosso povo. Como é, evidentemente, o caso.

Comentarios