Opinión

Ocultaçons do isolacionismo oficialista

Numha atitude que bem pode ser qualificada de pós-franquista, o isolacionismo oficialista, tanto na sua vertente académico-intelectual (nucleada pola RAG = ILG) como na política (esta, encarnada por partidos orientados para o nacionalismo espanhol, algum dos quais mesmo fundado e chefiado por franquistas), desde os inícios do decénio de 1980 tem perseguido, excluído e censurado o reintegracionismo. Como parte desse furor antirreintegracionista —nada académico, nada democrático nem civilizado—, o isolacionismo oficialista tem praticado a demonizaçom pública, mediante deturpaçom, do ideário reintegracionista, mas também a ocultaçom para o público geral da mesma existência do reintegracionismo, o que patenteia umha falta de reconhecimento, absoluta e absolutista, deste como opçom codificadora legítima, e até dos reintegracionistas como pessoas dotadas de dignidade e direitos cívicos. Além disso, o isolacionismo oficialista, entregado a umha conceçom do galego como língua regional menor, independente do português e padronizável «a partir da fala» sem perspetiva histórica e com forte pendor castelhanizante —conceçom incubada no ILG, transplantada à RAG e grata ao poder político espanholista—, também tem exercido a ocultaçom pública da unidade lingüística galego-portuguesa, bem como tem dissimulado a profunda castelhanizaçom sofrida polo atual galego espontáneo. A título de exemplo, a seguir oferecemos umhas amostras deste incivil proceder.

Afonso Vázquez Monxardín (quem, por sinal, se fosse coerente, assinaria como Vasques, já que a base desse apelido é o nome Vasco, e dado que, em galego genuíno, nom há sílabas átonas findas em -z [ex.: lápis, mesquita]) publica colaboraçons de divulgaçom lingüística no jornal La Región. Na sua peça de 23.5.2021, intitulada «As letras galegas», escreve: «[...] varias linguas, como o francés, catalán e portugués, usan ese invento hispano visigodo que aquí desapareceu, a cedilla (Ç) [...]. O castelán e o galego, e algunha outra, o eñe (Ñ) (camiño). E se temos que buscar cales son as letras galegas por excelencia, particulares da nosa lingua, diría que o grupo ene hache, usado desde inicios do XIX de forma natural, para ese son que chamamos “ene velar”.». O cê cedilhado (ç) desapareceu entre nós completamente e hoje ninguém o utiliza em galego? Hoje, em galego, só se utiliza o ñ, de harmonia com o castelhano, e nunca o nh, de harmonia com o luso-brasileiro? É natural, e em que sentido, que no século XIX os escritores adotassem em galego a ortografia castelhana e o dígrafo nh para representarem o ene velar (em colisom com o uso gráfico luso-brasileiro)? Reconhecerá o Sr. Monxardín a existência na nossa sociedade de grupos minoritários como comunistas, protestantes, homossexuais e crianças galaicofalantes?

Noutra dessas peças de A. V. Monxardín, pode ler-se: «Esta vella expresión [saber as cousas de cor], xa pouco usada, correspóndese coa máis actual “de memoria”. [...] De aí que os ingleses aínda digan hoxe “to know by heart”, ou os franceses “connaître par cœur” con orixes semellantes ao noso vello “de cor”.» (La Región, 26.6.2021:19). Saber de cor, expressom galega velha, e saber de memória, expressom galega atual? Nom será que a primeira já nom se utiliza em galego pola castelhanizaçom?! Como pode o autor escamotear que saber/aprender de cor (e decorar) é, naturalmente, expressom galego-portuguesa, ainda hoje vivíssima em Portugal e no Brasil?! Por sua vez, Xesús Ferro Ruibal, no Refraneiro Galego Básico (1987:45), afirma: «Quero destaca-la notable presencia [...] do futuro de subxuntivo. Detecteino en 91 refráns [...]. Preséntoos a continuación, intercalando algunhas variantes que non teñen tal futuro [...], para que o lector curioso poida ver como o refraneiro testemuña a evolución recente da lingua.». Extinçom em galego do futuro do conjuntivo, evoluçom recente da língua? Nom será, antes, involuçom recente por castelhanizaçom?!

Concluímos com um testemunho deveras chocante. Xosé Ramón Barreiro, na altura presidente da RAG, asseverava no La Voz de Galicia de 12.9.2003 (pág. 44), em referência ao galego: «Non tódalas culturas teñen un idioma propio e non tódolos idiomas teñen palabras como anduriña ou bidueiro.». Como?! Ele nom sabia, e a RAG nom sabe, que há 250 milhons de pessoas no mundo que usam as palavras andorinha e vidoeiro, enquanto utentes da nossa língua galego-portuguesa?!

Comentarios