Opinión

O Grexit pertence ao passado

Em vésperas do referendo grego publicamos um artigo no que nós interrogavamos sobre o significado dum trunfo do Nom

Em vésperas do referendo grego publicamos um artigo no que nós interrogavamos sobre o significado dum trunfo do Nom. Diziamos: 

Nas negociaçons Syriza adiantou propostas que a comprometiam com umha política claramente recessiva, muito alonjada do Programa de Salónica que a levou ao trunfo eleitoral. Ao tempo insiste na sua vontade de manter-se na eurozona. Fica por ver se: i) é possível aplicar políticas económicas alternativas num país periférico da eurozona e com os compromissos que Syriza pujo sobre a mesa de negociaçons, ou ii) o Programa de Salónica é cousa do passado para Syriza, ou iii) o compromisso com o povo grego baseado no Programa de Salónica obriga a sair do euro.

"A formulaçom dumha política macroeconómica alternativa, mais alá de questons de matiz, nom é possível no sistema euro"

As nossas dúvidas nom tardárom em ter resposta: a formulaçom dumha política macroeconómica alternativa, mais alá de questons de matiz, nom é possível no sistema euro. Quando falamos do  sistema euro nom só falamos da moeda comum senom do conjunto de normas que acompanhárom a sua posta em circulaçom e que vigoram na zona euro. Um conjunto de normas partilhadas nom só polas partidos conservadores da UE mas também polos social-democratas e em muitos aspectos/momentos também por forças situadas à esquerda da social-democracia. Valha como exemplo a posiçom sobre o Tratado de Maastricht do conjunto de forças políticas de âmbito estatal do Estado Espanhol. Nesse sentido ainda que a responsabilidade do governo alemám é sem dúvida maior, resulta ingénuo –ou interessado- culpabilizar unicamente a este e particularmente a Merkel dum acordo que nom fai mais que reafirmar, isso sim com mais crueldade que nunca, as regras do jogo na eurozona. 

Os compromissos assumidos por Tsipras insistem na mesma política que causou umha queda do PIB grego de 25%, que empobreceu a Grécia e que, ademais, agrovou o problema da dívida pública. Grécia tem de aprovar neste mesma semana um incremento do IVA, umha regressiva reforma do sistema de pensons e também criar mecanismos destinados a recortar automaticamente as despesas públicas quando nom se cumpram os radicais objectivos de excedentes primários impostos pola Troika. Só depois de aprovar estas medidas e mais algumhas as instituiçons começariam a negociar o novo programa. Estas precondiçons possibilitariam a concessom de novos empréstimos destinados a pagar às dívidas que vencem nas próximas semana, 12 mil milhons até meados de Agosto. Novos empréstimos para pagar as dívidas anteriores.

"Tsipras, preferiu esquecer o programa de Salonica e permanecer atado aos sistema euro. O próprio Tsipras reconheceu-no implicitamente à saida dessa Cimeira: o Grexit pertence ao passado. Essa semelha ser o seu grande trunfo, manter por agora a Grécia no euro ao preço que for, quem paga é o povo grego". 

A continuaçom, no novo programa, aprofundar na reforma do sistema de pensons, aprovar umha reforma laboral reforçando o poder do capital, reformar os mercados de distintos produtos, privatizar o operador da rede de distribuiçom elétrica,... e elaborar um programa que transfira ativos públicos a um fundo independente destinados a serem privatizados. Um fundo gerido polas autoridades gregas baixo supervisom comunitária. O valor destes ativos destinados a serem convertidos em dinheiro deve ser de 50 mil milhons de euros. Para fazer-nos umha ideia da magnitude das privatizaçons para a economia grega pensemos que estamos a falar de mais dumha quarta parte do PIB grego. A metade desses fundos iria destinado a recapitalizar os bancos, unha quarta parte a pagar dívida e só outra quarte parte poderia ficar para investimentos. Ademais o governo grego compromete-se a submeter a aprovaçom da Troika os projetos de lei chave antes de levá-los ao Parlamento.
  
Em definitiva umha maior radicalizaçom das políticas rejeitadas polo povo grego em referendo, das políticas que agravárom o problema da dívida pública a pesar do fortíssimo recorte nas despesas públicas. Lembremos que a dívida pública grega passou de estar arredor de 100% do PIB antes do estalido da crise a situar-se em 180% baixo a tutela da Troika. O próprio FMI, fazendo galega do seu habitual cinismo, vem de reconhecer que o novo “rescate” nom aliviará este problema, ao contrário prevê que o endividamente público aumente nos próximos anos. 

O próprio Varoufakis, um entusiasta defensor da permanência de Grécia no euro, acabou defendendo que o governo grego figesse unilateralmente umha quita da dívida em poder do Banco Central Europeu, tomasse o controlo do Banco Central Grego e começasse a emitir pagarés (o que de facto equivaleria a volver emitir moeda), umhas medidas que na prática poriam a Grécia no caminho do abandono do euro. Sem embargo Syriza, ou quando menos Tsipras, preferiu esquecer o programa de Salonica e permanecer atado aos sistema euro. O próprio Tsipras reconheceu-no implicitamente à saida dessa Cimeira: o Grexit pertence ao passado. Essa semelha ser o seu grande trunfo, manter por agora a Grécia no euro ao preço que for, quem paga é o povo grego. 

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