Opinión

Semana europea da mobilidade

Após o sucesso do Dia europeu sem carros, em 2000 e 2001, foi lançada em 2002 a Semana europeia da mobilidade, do 19 até o 24 de setembro, com o apoio da Comissão Europeia. O lema deste ano é: Mobilidade sustentável saudável e segura. “Pela tua saúde move-te de maneira sustentável”. É uma linda ideia, nada a dizer em contra, mas como o fazer?As cidades em que moramos são o produto da especulação acompanhada de corrupção urbanística. Não foram construidas pensando na saúde dos habitantes, mas no negócio da empresas construtoras que conseguiram comprometer a classe política em seus planos. Requalificações e desenhos urbanísticos a capricho governaram durante demasiado tempo em toda Espanha e, em Galiza em particular, para reconverter vilas em ambientes congestionados com altos prédios e aproveitamentos do solo incríveis. A lei de Aznar de 1998, a liberalização do solo e as excessivas facilidades de créditos bancários junto com a corrupção urbanística, aqueceram uma borbulha imobiliária que arruinou a economia de muitas pessoas, matou as nossas caixas de aforro e deformou as nossas cidades.

No fundo sub-jaz um desprezo generalizado pelos Bens Comuns, pelo espaço público, o que denotou uma falta de saúde social. Vilas que foram feitas para andar por elas, para brincar nas suas praças, para comprar em seus comércios, transformaram-se em lugares agressivos cheios de automóveis, ruído, poluição e perigosidade. A cidade passa a ser um lugar incomodo, aínda no caso das galegas que não resultam excessivas. Vigo é um exemplo de agressividade de cimento e carros a competir pelo espaço.

Mas também poderíamos dizer o mesmo do Carvalhinho, de Vilalva, Sarria ou Ourense. O negócio do tijolo foi a contra do nosso conforto comum e, consequentemente, da mobilidade urbana racional. Urbanizações periféricas ainda são previstas sem que exista uma necessidade de habitação na Galiza. Em Lugo, continuam a construir-se nos arredores da cidade como a das Saamasas, ou o Bairro pseudo ecológico previsto para uma zona que é nascente de águas e último cantinho verde, sem consideração para os regos que vertem ao Minho que passam a serem canalizados, em quanto massas de carvalheiras são arrasadas para deixarem passo a chalets habitados por famílias que se verão obrigadas a utilizarem o carro particular para sua vida diária.

A mobilidade tem muito a ver com o urbanismo. A cidade é um sistema complexo cujos insumos são variados e interagem inevitavelmente. Podemos tentar arranjar as linhas de transporte público, pondo mais serviços, baixando os preços, adaptar para pedestres retirando os carros particulares de certas zonas. Tudo bem. Mas o problema não desaparece. A cidade deve ser contemplada em seu conjunto considerando todos os fatores que intervêm na sua dinâmica. A política de construir centros comerciais, para além de destruir o tecido empresarial da cidade, fomenta o uso do carro privado. Ainda assim em muitos casos tenta-se corrigir o mal feito com ações sobre a mobilidade.

Cidades que Caminham é uma ONG na que se encontram varias vilas galegas como Pontevedra, Carvalho, Ferrol, Oleiros, O Carvalhinho, Vilagarcia de Arousa e A Corunha.

Miguel Anxo Fernandez Lores, alcalde de Pontevedra, é presidente desta ONG, que tem a sua origem no projeto de Francesco Tonucci A cidade das Crianças. Este experto sustem que o modelo urbano de Pontevedra deve servir como exemplo para inspirar câmbios na mobilidade doutras cidades. Mas o transporte não se trata unicamente da mobilidade nas cidades. Segundo a Agência Europeia do Ambiente, o transporte consome uma terceira parte da energia final da UE. É responsável duma grande parte das emissões de efeito estufa, contribuindo ao câmbio climático. É uma fonte importante de poluentes atmosféricos nocivos para a saúde como NO2, partículas e ruído que envenenam o ar. Mas também a nível territorial as infraestruturas de transporte têm grande impacto social e ambiental porque fragmentam o território com graves consequências para a flora e a fauna.

Se queremos agir contra o cambio climático, temos que ter em conta o transporte. Em Adega temo-nos pronunciado em favor do caminho de ferro galego, como integrador, ecológico social e seguro, questionando as grandes infraestruturas de aeroportos, autoestradas, alta velocidade etc. Temos que parar. A terra já não suporta mais excessos nem mais cimento. E merecemos viver em lugares amáveis,saudáveis e seguros. Podemos fazer, façamos.

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