Opinión

Qual vai ser a enerxía do futuro?

A finais de Fevereiro fui a uma nova palestra a Castro Ribeiras de Lea para divulgar o pico do petróleo

A finais de Fevereiro fui a uma nova palestra a Castro Ribeiras de Lea para divulgar o pico do petróleo que não é outra coisa que andar explicando, à gente que queira ouvir, que a humanidade chegou ao final dum ciclo.. Este ciclo é o que começou coa invenção da maquina de vapor e que rematou no ano 2006 (ano aceitado pela Agência Internacional da Energia) que foi quando a humanidade superou o consumo do 50% das reservas de petróleo convencional do planeta. E dizer a era da revolução industrial começa a declinar já que a humanidade começa a dispor para o seu uso cada ano com menos energia que o ano anterior. É já se sabe que numa sociedade moderna a energia é igual a trabalho. É certo que o trabalho nestes momentos é mais bem pouco, mas também é certo que hoje os galegos e galegas consumimos a energia equivalente a ter 40-45 escravos diários ao nosso serviço. Este consumo energético é que produz que o balanço energético da Galiza seja muito negativo, tão negativo como 5.000.000.000 de toneladas equivalentes de petróleo de um consumo interno total de algo mais de 6.500.000.000 toneladas equivalentes de petróleo (Dados INEGA ano 2012).

Esta palestra de Castro Ribeiras de Lea, foi muito agradável graças aos assistentes e mesmo se prolongou tomando umas cervejas momento no que sairon como noutras ocasiões, interessantes perguntas e debates aos que agora quero uma vez mais dar resposta:

Se a revolução industrial começa há quase 200 anos isso não quer dizer que há petróleo, carvão e gás natural para outros 200 anos mais?

Quando começa a revolução industrial os consumos de energia fóssil som muito baixos mas agora estamos com consumos muito grandes. Chega com dizer que atualmente o consumo diário mundial de petróleo supera os 90.000.000 de barris diários quando inicialmente eram uns poucos centos ou milhares. Estima-se que com os consumos anuais de petróleo no ano 2030 ficará o 15% do petróleo mundial.

Também cómpre reflexionar sobre o que quer dizer o crescimento continuo no que esta baseada a economia da sociedade ocidental. Serva como exemplo dizer que com um crescimento económico mundial do 3% anual, o planeta duplicara as suas necessidades energéticas e de materiais em apenas 23 anos.

Mas não se estão descobrindo poços de petróleo muito importante cada pouco tempo? Em Portugal dizem que acabam de descobrir 1.000.000.000 barris em 6 jazidas?

A nova é certa ao igual que outras semelhantes, mas há que ter em conta varias coisas: os 1.000 milhões não se vão poder extrair completamente por motivos técnicos e, ainda que pode que Portugal passe de ser um pais importador a exportador durante vários anos e incremente o seu PIB um 25% também é certo que este descobrimento, supõe o consumo mundial de petróleo de apenas 3 a 6 dias. 
O pico dos descobrimentos mundiais de jazidas de petróleo atingiu-se nos anos 60. Na década dos 60 por cada barril consumido descobriam-se 6, quatro décadas depois consumem-se 6 barris por cada um que se descobre.

A solução não esta nos carros que funcionem com baterias ou com motores de hidrogénio?

As baterias são aparelhos que permitem acumular energia elétrica e uma boa fatia da energia elétrica mundial é produzida com carvão, petróleo e gás natural. As baterias são feitas com elementos muito escassos no nosso planeta, têm uma durabilidade muito escassa pelo que e inviável a substituição dos motores de explosão por esta tecnologia de jeito massivo. Além disso é preciso ter em conta que a energia que há num kg de bateria é muito menos, em comparação coa que há num litro (1kg aproximadamente) de gasóleo ou de gasolina ou que na conversão duma energia em outra há grandes perdas, ao igual que há perdas mui importantes no processo de carrega duma bateria (entorno a um 25% de perdas).

O hidrogénio é um vetor energético, isso quer dizer que é um jeito de guardar e acumular a energia. Não existem poços de hidrogénio no planeta. Não é solução porque para produzir  hidrogénio partindo da auga, gás, ... precisamos  consumir muita eletricidade.

É o gás natural?
O gás natural ao igual que o petróleo e o carvão é energia fóssil e por isso também e finita. Com o gás natural acontece o mesmo que com o carvão, estimasse que nos vindoiros anos vão se atingir também os seus picos. 

E preciso ter em conta que a redução das reservas de carvão e gás natural vai ser muito rápida, já que ao escassear o petróleo, produzir-se-a um maior consumo para o substituir. Também e preciso dizer que e possível criar a tecnologia para o aproveitamento do gás para o transporte de mercadorias por estrada, incrementando o perigo, mas esta substituição não tem muito sentido pois o gás normalmente tem associada a sua extração à do petróleo ao compartir jazidas.

Que sucede coas áreas betuminosas do Canadá e a técnica do fracking?

Nem as áreas betuminosas nem o fracking vão solucionar o declive energético porque não são capazes de substituir o descenso que se esta produzindo no petróleo convencional como muito podem retrasar uns poucos anos o impacto do declive. Com o atual descenso do preço do petróleo muitas empresas de fracking estão quebrando e fechando porque os custes de produção por barril está entorno aos 80 $.

Tanto as áreas betuminosas como a técnica do fracking para conseguir petróleo são muito contaminantes, já que se empregam muitas substancias químicas para realizar este tipo de extração que depois ficam no meio-ambiente como lixo químico. Também é preciso saber que a TRE das áreas e do fracking é muito baixa, no primeiro caso há quem situa a sua TRE por abaixo de 5, e no caso do francking situa-se no entorno de 10. Isto é devido a que no caso das áreas é preciso tratar 2 toneladas de área para conseguir 1 barril de petróleo e no caso do fracking é preciso fazer muitos poços de extração, e estes têm uma vida muito pequena, além do mais precisa-se injetar muitos produtos químicos e auga para mobilizar o petróleo e deste jeito poder bombeá-lo a superfície. Se as empresas que fazem  a extração de petróleo com estes dois métodos tiveram que internar os custes de recuperação meio-ambiental não seriam viáveis, pois os custes de recuperação no caso de existir seria muito mais custoso que o benefícios obtidos em termos energéticos e económicos.

E que acontece coas energias renováveis, não são a solução?

As energias renováveis são a única possibilidade de que a humanidade poda contar com algo de energia, mas vai depender da capacidade que tenhamos de fazer uma transição minimamente ordenada e justa. Corremos o risco de que a não aceitação desta nova realidade deite por terra qualquer possibilidade de manter uma sociedade o suficiente complexa para manter e produzir a tecnologia e as instalações necessárias para produzir as energias renováveis.

As renováveis não vão ser quem de produzir a quantidade de energia que consumimos atualmente. Também esta o problema da sua TRE (Taxa de Retorno Energética) que é muito baixa. A TRE é o resultado de dividir a energia obtida entre a energia consumida, num processo. A TRE estimada para as hidroelétricas é de 30, mas existe limitações de produção e no caso da grão e meia produção hidroelétrica produzesse uma limitação temporal da capacidade produtiva por mor da colmatação dos encoros por sedimentos. No caso das eólicas a sua TRE estima-e em 20 e também existem limitações muito importante de produção. O caso da produção fotovoltaica é muito baixa, ao redor de 2. É preciso sublinhar que para a produção a meia ou grão escala de eletricidade por meio da auga e do vento é preciso ter concessões dos governo para fazer as instalações, mas não para a fotovoltaica, o que é muito indicativo. A suma de todo o potencial de produção de eletricidade das fontes de energia renováveis não é quem de substituir o consumo atual de eletricidade produzida com energias fóssil.

A TRE na produção de bio-combustíveis (azeite e álcool) é muito baixa e na maioria dos casos e pouco superior a 1 e o emprego da biomassa para a produção de eletricidade também tem uma TRE muito baixa. Também é mui importante saber que a produção de bio-combustíveis precisa de terras agrícolas, o que obriga a redução de solo para a produção de alimentos. As terras agrícolas vão ser precisas para nos alimentar, já que o modelo intensivo agro-pecuário-florestal atual é mui dependente das energias fosseis. Como modelo industrial agro-pecuário-florestal por cada caloria que consumimos em alimentos estão-se introduzindo 10 calorias procedentes do petróleo. 

A TRE resultante média das fontes de energia empregadas é mui importante, já que esta permite definir o modelo e complexidade da sociedade que se há conformar. Quanto mais alta é a TRE resultante mais complexa pode ser a sociedade resultante. Para uma sociedade complexa como a ocidental atual, a TRE tem que ser entre 18-25, para uma industrial desenrolada, entre 8-15, para uma sociedade algo industrial deve existir uma TRE de 6-12 e uma sociedade agropecuária avançada o resultado deve andar entre 5-6.

Que há da energia nuclear, a fissão e a fusão nuclear?

A atual energia nuclear e mediante fissão nuclear (rotura do átomo) empregando maioritariamente urânio e o urânio, ao igual que os combustíveis fósseis, é finita. O pico do urânio estimasse vai acontecer entre este ano 2015 e o 2035. Para que serva de exemplo, basta dizer que são as empresas da fissão nuclear as que mais defendem o desmantelamento das bombas nucleares, já que isso permite-lhes obter matéria-prima a baixo custe. È preciso dizer que de termos em conta a energia que é preciso empregar para gerir os resíduos nucleares até a sua desaparição, a sua TRE é muito inferior a 1.

A fusão (união de átomos) nuclear a dia de hoje forma parte da ciência ficção já que levam mais de 50 anos intentando conseguir uma TRE superior a 1 e de momento não o conseguiu ninguém.

Mas os científicos não vão ser quem de descobrir a solução?

O mundo da ciência é quem de inventar a tecnologia para aproveitar as fontes energéticas, mas o problema é que não existe uma fonte de energia alternativa. A tecnologia não é energia. Existem carros, aviões, barcos, camiões, industria, … existe tecnologia, o que precisamos é energia para que tudo isso funcione.

A humanidade esta a conquistar o espaço exterior. Não virá doutros planeta a solução?

A humanidade tem feito grandes conquistas espaciais, mas é bom saber e assumir que há poucos meses que a primeira nave espacial saiu do confim do sistema solar. Que os científicos dizem que o “possível” planeta habitável mais próximo esta a 20 anos-luz, o que quer dizer que precisamos 3500 anos para chegar a ele á velocidade que podem alcançar as nossas naves. Ademais, toda a energia guardada no planeta não nos permite alimentar durante tanto tempo os motores da nave que nos leve aló..

Ti não pensas que os que mandam não teram inventado algo para nos seguir amarrando? Uma energia segreda fácil e acessível que não sacam até que se esgote o petróleo?

Lembra que já dizem que a energia não se inventa, que o que se pode inventar é a tecnologia para se aproveitar dela. Antes da revolução industrial já se conhece o carvão e o petróleo. O petróleo queima-se diretamente em lâmpadas e o carvão é empregado em Inglaterra por pessoas pobres para aquecer as suas casas. Nas casas ricas empregam a madeira que é muito mais limpa. O esgotamento da madeira devido a tala de todo o bosque alto de Inglaterra é o que obriga a começar a empregar massivamente o carvão e ter que ir baixo terra para consegui-lo. Pensar que os que têm o poder são mais inteligentes do que somos nós, que não o temos, é uma ideia mui alienante e outorgar a quem está no poder com o uso da força um saber que nunca têm demonstrado tampouco parece ser muito inteligente. Se eles tiveram algo escondido não gastariam tanto dinheiro e esforços em tomar pela força nações que têm recursos energéticos. E se eles não querem que nós façamos uso dessa tecnologia maravilhosa que cria energia só precisam proibi-la e meter no cárcere a quem a usar sem a seu permissão. 

Não há poços duma energia que não conhecemos, nem energia abundante para outros 200 anos. Já estamos começando um novo tempo para a humanidade, podemos tentar ser nós quem escolha o  novo caminho ou deixar que nos dirijam como ovelhas cara onde querem. Negar o evidente; esperar que não seja certo, acreditar que é possível sair da crise voltando ao crescimento que tanto lhe permitiu engordar ao grande capital internacional não só é tirar um tiro no nosso pé, é também condenar o nosso futuro e o dos nossos filhos. Enquanto nós não acreditemos no que já esta acontecendo todos os nossos esforços irão por um caminho errado. Aqueles que têm o poder sabem o que se esta a passar e aproveitam a nossa desinformação para dirigir a sociedade, a economia, a educação, a sanidade, … para onde eles querem. Enquanto não respondamos, mais fácil é que aproveitem para implementar a energia que eles têm preparada para o futuro, que não é outra que a neo-escravitude. Novos escravos com menos direitos que os escravos do velho mundo porque na verdade os humanos somos mais eficientes energeticamente que os animais de tiro.

Então segundo vós qual é a solução política?
É difícil responder, ainda que há propostas concretas no nosso “Guia para o descenso enerxético” que som em boa medida para o âmbito pessoal, pequenas empresas e concelhos. O primeiro que há que assumir é a necessidade de viver com muita menos energia. 

Desde a política temos que dar-nos conta de que o pensamento de esquerda -marxismo- nasce como é para a era industrial e, pelo tanto, se essa era vai ficar ultrapassada, as soluções da esquerda clássica não sempre vão ser ajeitadas para a nova era postpetróleo. Cumpre, pois, repensar o futuro desde a esquerda e assumir não só uma mudança de modelo económico, onde o crescimento não seja o objetivo porque não é a solução, senão que também vai ser preciso uma mudança de modelo social. Enfatizar que a solução passa pelo reparto e pelas satisfações das necessidades básicas do conjunto da população é o que toca, o outro é fazer-lhe o jogo ao grande capital.

Agradecimentos a Jose Ramom Flores das Seixas pelas suas correções e pelos seu apontamentos.

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