A detenção de 15 ativistas em Angola acende uma vaga de solidariedade na Lusofonia

Desde Junho quinze ativistas angolanos estão na cadeia à espera de serem julgados, acusados de "conspiração" para o derrubo do governo de Eduardo dos Santos. Entre eles, um rapeiro luso-angolano com ligação à Galiza, Luaty Beirão, que se aproxima já para os 30 dias em greve de fome. 

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A finais de Junho 15 pessoas foram detidas em Angola sob a acusação de “conspiração para derrocar o governo”, segundo o departamento fiscal. Ficam desde aquela altura em cadeia a aguardarem o seu julgamento, embora já fora ultrapassado o máximo de 90 dias de detenção preventiva que marca a lei. Para denunciarem esta situação, vários dos ativistas permanecem em greve de fome. Entre eles, Luaty Beirão, alcunhado como 'Ikonoklasta', um rapeiro luso-angolano, filho de João Beirão, pessoa muito próxima ao presidente Eduardo dos Santos.

Luaty Beirão, de 33 anos, mantén greve de fome desde há quase 30 dias. Não ingere qualquer tipo de alimento a excepção de água com soro. Neste tempo, o seu estado de saúde foi piorando - -perdeu mais de 20 quilogramas de peso-, razão pela qual foi transladado desde a cadeia até o hospital-prisão de São Paulo. 'Ikonoklasta' é um dos artistas que aparece no CD 'Língua Nativa', editado a finais do ano passado pelo selo galego do mesmo nome, um trabalho que reúne 14 músicos de diferentes países. O tema que tem neste disco é 'Marido, pai, bongó'. 'Língua Nativa' uniu a sua voz à vaga internacional que está a pedir, nomeadamente desde os países lusófonos, a liberdade deste rapeiro e dos seus 14 companheiros, aos que se liga ao conhecido como 'Movimento revolucionário'. São considerados por Amnistia Internacional como “presos de consciência”.

Ao longo destas últimas semanas realizaram-se diversos actos e demonstrações em solidariedade com os 15 angolanos presos em distintos países lusófonos: Brasil, Cabo Verde, Portugal e a própria Angola

Desde o círculo de amizades e companheiros dos activistas põe-se a ênfase em que estes foram detidos quando faziam parte duma reunião em que se estavam a debater estratégias de "resistência pacífica" face o que eles chamam o "regime de Dos Santos", que já leva completados 36 anos no governo do país. Eduardo dos Santos está no poder desde 1979 à fronte do MPLA, o antigo movimento guerrilheiro revolucionário que derrocou o colonialismo português. Desde o governante MPLA fizeram apelos a que se “se deixe à justiça fazer o seu trabalho” em relação a estes ativistas. Mais também surgiram vozes da própria organização a amostrarem a sua solidariedade com os ativistas presos, entre elas a do general e secretário provincial de Luanda do MPLA , Bento dos Santos ´Kangamba'. Dos Santos acusou  Unita (partido emanado da antiga guerrilha apoiada por EUA, Israel e a Sudáfrica do 'apartheid') de tentar instrumentalizar os activistas presos.

Ao longo destas últimas semanas realizaram-se diversos actos e demonstrações em solidariedade com os 15 angolanos presos em distintos países lusófonos: Brasil, Cabo Verde, Portugal e a própria Angola. A reivindicação é a posta em liberdade dos ativistas para que o tempo de espera do seu julgamento o poderem passar nas suas moradas.

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