Opinión

Centros Socias e construçom nacional

Galiza, apesar de todo, está viva. E a afirmaçom pode ser fácil, mas nom por isso deixa de ser certa. E está viva porque ainda há povo que se junta para debater, para participar dos movimentos sociais, que acredita na auto-organizaçom para denunciar e combater o sistema capitalista que nos oprime como galegas e como classe, mas sobretodo para construir País.

Povo que cria projetos que surgem a partir da conviçom (ou necessidade) de nom esperar pola permissom de ninguém. O companheiro Carlos Calvo publicava há uns anos um artigo no Portal Galego da Língua em que falava da proposta do militante galeguista da década de trinta Ramón Obella, que propunha “iniciar a autodeterminaçom funcional da Galiza”. Isto era, para além de qualquer referendo pactuado, para Obella, cumpria dotar-se dos espaços precisos para nos irmos autodeterminando no dia-a-dia.

Um dos exemplos deste tipo de espaços som sem dúvida os Centros Sociais.

Quando lá por finais dos noventa as e os militantes que se reuniam numha tarbena de Ferrol Velho para pôr as bases do espaço físico da Fundaçom Artábria, com certeza ninguém podia imaginar que anos depois iriam surgindo projetos que, tomando o exemplo do decano, semeariam o País de Centros Sociais da Marinha ao Baixo Minho.

Os Centros Sociais representam organizaçom e construçom. O Xebra, A Revolta, o Fuscalho, A Galleira, o Gomes Gaioso ou o recente Quilombo som pontos de encontro onde jovens e nom tam jovens podem socializar, falar, compartilhar experiências, criar ou debater. Espaços onde fazer qualquer atividade, tendo a língua galega como língua veicular. 

Os Centros Sociais dam cobertura aos movimentos sociais, à vontade popular de mudar as cousas. Funcionam de escola de formaçom política e cultural

Os Centros Sociais dam cobertura aos movimentos sociais, à vontade popular de mudar as cousas. Funcionam de escola de formaçom política e cultural. Espaços onde se movem campanhas de defesa da língua, de solidariedade antirrepressiva, feministas e LGTBI ou de defesa do território. Difundem a imprensa alternativa e de contrainformaçom em galego.

Reivindicamos a cultura popular e a nossa língua organizando concertos, teatro, palestras, atelieres, exercendo de vertebradores do espaço nacional.

Espaços transversais de luita que nascêrom para propiciar confluências, colaboraçons e diálogo entre todas aquelas pessoas que apostamos na construçom nacional e a superaçom do capitalismo e do patriarcado. Um espaço onde falar do que fazemos uns ou do que fam as outras, no que acertamos e no que nom, onde expor pontos em comum.

Umha aposta de fundo no reencontro com as manifestaçons da cultura da Galiza contra o desprezo e as agressons que instituiços e meios de comunicaçom lhes dedicam. Nesse caminho, temos a recuperaçom do Apalpador ou do Merdeiro, o projeto das Escola Semente ou a socializaçom da tradiçom do Samaim, levando-a do local para o País. Som alguns dos exemplos, mas há muitos mais.  Eis a importáncia da criaçom e alargamento desta ferramenta de construçom nacional. Alguém pode imaginar hoje Compostela sem a Gentalha ou Ferrol sem a Artábria?

Em resumo, os Centros Sociais som, sobretodo, motores de luita do nosso meio mais imediato, lugares físicos onde ensaiar essa sociedade que desejamos e onde levar à prática o que defendemos.

Podemos afirmar que Centros Sociais, as Herriko Tabernas, ou os Casals e Ateneus assumem um papel semelhante, adaptado-se às realidades de cada país. Em Euskal Herria e os Països Cataláns assumirom que estes espaços eram a primeira pedra para construir um movimiento estruturado; na Galiza, inexplicavelmente, só o independentismo apostou no seu dia na criaçom destes espaços.

É por isso que achamos que cumpre ir além das boas intençons, levar à prática a teoria e reconhecer por parte do conjunto do soberanismo o papel dos Centros Sociais, apoiando ativamente o seu trabalho: associando-se, levando atividades ou assembleias a estes, ou simplesmente tomando-lhe um café enquanto se dá umha olhadela ao Nós diario.

Com certeza, o reforçamento dos Centros Sociais existentes e a criaçom doutros novos ajudarám na expansom do projeto nacional galego. É umha responsabilidade coletiva trabalhar nesse caminho. Por 10, 100, 1000 Centros Sociais mais.

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