Opinión

Colonizadores

Uns reis de Castela e Aragão chamados, não se sabe bem por que, Católicos, ficam no início da descoberta de América por Cristóbal Colom, no começo da colonização e escravidão dos seus povos indígenas, um 12 de outubro.

A conquista e colonização de América, concretamente do Sul, é uma historia de roubo, aldraxe e sofrimento. O império incaico, assentado nas regiões andina e amazónica, bem organizado, com uma grande povoação que se beneficiava de notório bem-estar baseado numa próspera produção agropecuária e num eficaz sistema social acumulativo e redistributivo destruídos polos colonizadores. A pax hispana, escreve Carlos Milla Batres, autorizou extermínio e veja-me, abuso do homem sobre o homem e menospreço visceral pola raça vencida e uma explotação brutal que aplastou o povo andino, já agoniado polo trance de uma guerra civil entre panacas reais. E acrescenta Washington Delgado que a conquista e o vice-reinado significaram a destruição do império incaico e da sua cultura, a morte de grande parte da sua povoação, derruídos muitos de seus monumentos, perseguidas e castigadas suas praticas religiosas, seus usos, costumes e instituições… a conquista foi cruenta com a agravante da intromissão de um novo povo chegado do outro lado do mundo, belicamente forte, que desarticulou sua produção agrícola, mudou seus hábitos alimentícios e desorganizou a sociedade indígena, ainda comunitária, passando a uma organização social de servidão e escravidão de maus tratos e humilhações, na que uma minoria opulenta e soberbia gozava de case toda a riqueza e que nenhuma solução eficaz tinha para os problemas indígenas, polo que o poder político só o exerciam pola força das armas. Os métodos agrícolas modernos mais tecnificados não conseguirem igualar os sistemas cibernéticos aplicados polos incas para aproveitar com a máxima eficácia a grande diversidade de microclimas que oferece a geografia andina. Estes conhecimentos não foram aproveitados polos conquistadores espanhóis e seus herdeiros, centrados na espoliação mineira, nem polos que se apropriaram da maior parte das terras de lavoura com os índios que nelas trabalhavam, reduzidos á condição de escravos.

No primeiro quarto do s. XIX as luitas pola independência das colónias semelha que deveram ser encaminhadas á emancipação dos povos sometidos, como ocorreu na China, Índia e África nos que os nativos expulsaram o colonizador ou na mesma Espanha com a conquista árabe e posterior reconquista; em América correu de jeito diferente e as povoações indígenas rematarem recluídas em reservas no norte e reduzidas a grupos marginais, despreciados e inferiores no centro e sul. O chamado renascimento andino do s. XVIII, anteriormente poetizado polo Inca Garcilaso, foi uma ilusão efémera e quase não nata, pois o projeto de construir uma república plural e multiétnica foi liquidado polas autoridades coloniais em colaboração com alguns setores crioulos.

Os povos nativos, tanto no norte como no sul de América, foram em grande parte exterminados, escravizados e reduzidos a uma vida miserável, inicialmente até se discutia se teriam alma. E todos pareciam considerar normal esta situação. Tiveram que passar séculos para que a sociedade compreendesse a brutalidade e injustiça dos conquistadores com os povos nativos e reescrevesse a história já que na dramática realidade nada mudou e os nativos seguem a ser cidadãos de segunda ou servos. Também os próprios povos indígenas na América do Sul tratam de reverter a situação participando vigorosamente nos órgãos de governo, se bem a força dos descendentes dos conquistadores e os crioulos, com o concurso imperialista dos USA, dificulta que se façam donos de seus destinos. Dentro das vozes que reconhecem o sofrimento dos povos nativo, algumas tão inesperadas como a do Presidente dos USA, Biden, ou tão insólitas (pois a Igreja deveria ter sido a primeira) do Papa Francisco. Só na Espanha se continua com a mentalidade colonialista e podem-se formular afirmações tão sem sentido como a de Díaz Ayuso (Pta. da Comunidade de Madrid) de que “o indigenismo é o novo comunismo que é usado por dirigentes e políticos populistas para generar divisão e discórdia no continente americano”, e ainda acrescenta, orgulhosa do comportamento dos conquistadores, que “começam a desfazer o legado de Espanha e promover um indigenismo que é o novo comunismo”, manifestações ás que se suma Aznar, que assegura igualmente que ”o indigenismo é o novo comunismo e vai contra Espanha”, ao tempo que um e 

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