Opinión

Ganhar a vida em galego. E o futuro

Observamos com consternaçom o abandono do galego, o corte na transmissom intergeracional que se vai mostrando cada vez maior, inquérito após inquérito. E a causa principal para pais e maes preferirem as crianças falando castelhano em vez de galego é, estudos apontam, terem a percepçom de ser impossível “ganhar a vida” com a nossa língua.

E com certeza, nom se negará, ganhar a vida num emprego, com produçom primária, com um negócio, como quer que seja... é tarefa quase impossível na nossa língua. O nosso espaço económico está marcado num quadro definido polo Estado, que estabelece umha “unidade económica” ou “unidade de mercado” cuja língua oficial de relacionamento é, tem que ser, o “castelhano ou espanhol”. É aplicada com firmeza como veículo de comunicaçom para trânsito e relações comerciais, laborais, administrativas, legais, empresariais, profissionais…

Tal unidade definida polo Estado, como consequência direta, substitui e dissolve a nossa língua no castelhano. No passado só se adiou o processo graças à persistência do agro e pesca tradicionais que, com o artesanato e feiras, serviam como reservatórios “autónomos” da língua. Agora até isto perdemos, o processo substitutivo chegou também a esses âmbitos.

Bom, pois criemos nós outra “unidade de mercado”. Nom é incompatível com a existente (acrescenta, nom substitui) e temos o aval da Europa: já temos a Eurorregiom Galiza-Norte de Portugal instituída. Criemos a partir desta instituiçom política umha “unidade económica”. Impulsemos nela um maior intercâmbio produtivo, comercial e laboral (sim, também oportunidades laborais para as pessoas) a ambos os lados do Minho, esvaecendo mais as fronteiras e impulsando mais a comunicaçom. Estabelecendo nela a nossa língua comum, o “galego ou português”, como língua de relacionamento oficial.

A língua comum servirá para as pessoas, empresas e instituições de ambos os lados do rio poderem-se mover, trabalhar, prestar serviços e comerciar fluentemente em toda a “unidade”.

Mas com este fim, claro, o modelo de língua que dá jeito para ser adotado na Galiza é um modelo convergente, unificador com o modelo que vigora em Portugal. Como o proposto pola Agal: (i.gal/conv  i.gal/mais). O modelo RAG-ILG, por ser separador, para isto nom dá. É muito melhor apresentar-nos aos nossos irmãos dizendo: “Falamos a mesma língua. Colaboramos mais de perto?”

A língua comun servirá para as pessoas, empresas e instituiçoes de ambos os lados do río poderem-se mover e trabalhar

Serám precisas sim na Galiza campanhas de capacitaçom no modelo convergente da língua, para as pessoas autónomas, empresas e administraçom pública. Grande desafio formativo que vai exigir a colaboraçom de múltiplas partes: instituições, sindicatos, organizações empresariais, associações profissionais e culturais… Pois terá de ser levado a cabo no sistema de ensino oficial, mas também através doutras muitas entidades formadoras profissionais, como já se está a fazer na Extremadura espanhola desde há tempos.

A boa notícia: nom é preciso começar do zero, muitos elementos convergentes da língua comum estám já (ou ainda) vivos entre as pessoas galegas. Na maior parte dos casos será só reforçá-los e modernizá-los.

Ora, para termos sucesso convém o apoio e a liderança vindo de cima: era bom um grande acordo governo-oposiçom na Galiza. Pode-se fazer a partir da lei Paz-Andrade, desenvolvendo-a, concretizando-a na açom socioeconómica e coordenando-a com a instituiçom Eurorregiom.
Com esta aposta ninguém perderá, todo o mundo ganhará. Do ponto de vista económico e laboral a iniciativa irá beneficiar tanto Portugal quanto a Galiza: mais intercâmbio e relacionamento é sempre bom para todas as partes. Muito mais entre irmãos e vizinhos.

Se ninguém perde, alguém se vai opor? Porquê?

Potenciará a língua da nossa gente para relacionamentos comerciais de maior alcance, através do atlântico (Brasil e Palops). E nom menos importante, estaremos a criar umha nova realidade em que será possível de novo “ganhar a vida” na nossa língua.

É portanto, para além de grande oportunidade económica, umha oportunidade de reverter a substituiçom linguística. Se calhar a derradeira. Vamos aproveitá-la?
Já nom vai sem tempo.

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