Opinión

Longa noite… de pedra

Que no melhor dos escenarios vai durar quatro anos. Por isso a noite do 25.09 não era noite para rir nem para um sorriso, era negra noite para chorar. tanto porque nos agarda mais do mesmo (pior é dificil... bom, até pode ser, aí temos a degradação que se fai do idioma que de lingua oficial na Administração autonómica passa a ser lingua “co-oficial”) como pola surpresa da valoração positiva que fez a sociedade do expolio do patrimonio das Caixas de Aforros, os despejos, as preferentes, o leite, a emigração, o paro, o emprobrecemento, etc.

Do novo escenario (o mesmo ainda mais grande) temos que tomar lições. Não parece lógico que o povo galego caminhe ao suicidio, mais bem que atribua seus males á divina providència (que em geral não é tam divina, as vezes mais bem satánica) e confie em que será o governo do PP quem asuma a nossa defensa fronte ao fado providencial. Alguem fundiu as Caixas e roubou nosso patrimonio, pois a ver se o PP emenda a desfeita; e assim no resto dos problemas que nos empobrecen social e economicamente. Não é brincadeira; temos que convencer á gente de que entre o empobrecemento geral do país, entre a corrupção, entre a falta de trabalho, entre o abandono dos recursos económicos e a Administração existe uma estreita relação e que essa Administração pública aquí (e tambem alá, para maior desgraça) é dirigida polo PP.

Não parece lógico que o povo galego caminhe ao suicidio, mais bem que atribua seus males á divina providència (que em geral não é tam divina, as vezes mais bem satánica)

Ao melhor não é tam facil. Mas haverá que intentalo. Porque se os afectados polos despejos, as preferentes, a queda do preço do leite, a construção naval, os recortes em sanidade e ensino, o desprezo da nosa lingua, etc. não votásemos ao PP, nunca poderia alcanzar esa dimensão de votantes, porque fora dos ditos afectados não fica case ninguem. Precisamos pedagogos e mestres capaces de facerse entender. Temos por diante quatro anos para informar adequadamente, ainda com a cativez dos nosos medios informativos.

Sei que haverá muitos companheiros que podam apresentar seu trabalho e esforzo na campanha eleitoral divulgando as nossas propostas. A eles devemos grande parte da cativa ainda que ilusionante remontada. Pois precisamos 52 semanas de campanha por ano, durante os quatro anos vindeiros, para desenmascarar aos culpaveis da emigração da nossa juventude, do fracaso escolar, nos atrasos nos hospitais e sugerirlhes como o autogoverno pode dar fim ao expolio que sofremos, como não somos dependentes senom autosuficentes e podemos financiarnos de sobra, como podemos pôr em funcionamento nossos recursos sem ter que acudir a outras gentes, como somos perfectamente capaces de governarnos sem depender das instrucções de outras organizações.

Precisamos 52 semanas de campanha por ano, durante os quatro anos vindeiros

Não temos herois medievais nos que orgulharnos, porque ja se encarregarom os historiadores de erigir como únicos herois os cavaleiros castelhanos; só nos fica Viriato ainda que muitos livros de historia o definem como “pastor portugués”. Dos herois mais recentes, ponhamos por caso Castelao e Bóveda, praticamente tampouco há noticia. Por isso o galego, que seus herois na antigüidade e no medievo forom individuos de Sevilha ou castelhanos ou leoneses, segundo lhe insinarom na escola, volven agora aos recentes herois como Mariano Rajoy (o de galego não vai com ele, como tampouco ia com Franco), Aznar ou Fraga, a quem todos estes están facendo bom, e, desde logo, a todo o que vem do governo de Madrid.

Temos que convencer de que fiscalmente damos mais do que recebemos (a gente sinte medo de que se temos autogoverno não cheguem os ingresos para pagar as pensões), que aproveitaremos económicamente os encoros, a energia eólica, e a riqueza de nosas Rias; que rejeitaremos industrias contaminantes como a de ENCE que arrasa a Ria de Pontevedra e que seus beneficios não repercutem em Galiza, organizaremos a industria do leite, defenderemos onde faga falta a nossos marinheiros e conseguiremos que só emigrem os que voluntariamente lhes apeteza.

O futuro ja deixou de ser incerto. É aterrador. Por isso não é tempo de risos; mas é tempo de esperança se somos capaces  de recobrar o sentimento de nacionalidade do país. E estas eleições servirom para demostrarnos que sí é posivel. Tampouco podemos cargar sobre o elector; o nazonalista ou simplesmente galeguista só tinha uma opção política de votar a prol da terra: o BNG; uma opção política que havia pasado nos últimos anos por duas importantisimas escisões, que de quatro portavoces que tivo na sua historia dous abandonarom (e fizerom guerra) e o terceiro se ainda está é como se não estivera; e que foi perdendo forza e quadros directivos. Temos que reconhezer que não era opção de muita seguranza. Mas chegou nova savia, um fato de mozos novos que uniu sua coragem e forza á paixão e experiencia dos mais velhos, dos poucos e bons que iam ficando ao abrigo das siglas do BNG e conseguirom dar-lhe a volta a todas as enquisas, só modestamente... por falta de tempo.

O futuro ja deixou de ser incerto. É aterrador. Por isso não é tempo de risos; mas é tempo de esperança se somos capaces  de recobrar o sentimento de nacionalidade do país

Temos o futuro por diante e ja devemos ter aprendida a lição. Houvo um tempo de “culpa in eligendo” por parte da direcção do Bloque, que nos levou a confiar em gente que não merecia confianza e que liscarom tam aginha como perderom suas sinecuras. O efecto Ana Pontó foi importante, tinha experiencia de tempos anteriores e chegou com um ar novo e fresco, convencida e convincente. A primeira vez que a escoitei falar em público foi em Pontevedra, inicio do verão, num Teatro Principal ateigado, com um discurso bem construido e que, principalmente, era todo uma arenga para um nacionalismo em horas baixas que saímos já esperanzados. E foi essa convicción, sua e do resto das candidaturas, que coalhou na gente e que nos descobriu que ainda ha galegos que crem na sua terra e que som capaces de reagir se atopam um liderazgo serio e forte no que confiar; se somos capaces de seguir por este caminho conseguiremos remover as conciencias e sentimentos de nossos convizinhos e teremos colocada a primeira pedra da nossa recuperação como povo.

Eu agardo no futuro um BNG menos convulso; com menos afam protagónico das pessoas e mais lealdade, menos cainismo e mais diálogo e assumindo que nosso paso pola política é para a defensa da nação galega e sus gentes, não para medre pessoal ou acadar melhoras individuais de vida.

Tempo ainda de chorar, mas tempo tambem para comenzar a ilusionarnos. Parabéns para Ana, para Goretti e toda a direção do BNG, para os membros das candidaturas e reconhezer que facía falta optimismo e valor para, com a que estava caindo, integrar-se numa candidatura do BNG. 

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