Opinión

As consequências políticas do 18-F

Os possíveis resultados em termos de políticas públicas da vitória de cada um dos blocos concorrentes ao governo da Galiza nestas eleições já estão a ser suficientemente discutidos nesta campanha eleitoral, pelo que gostaria de fazer um cenário do que poderiam ser as consequências para cada um dos partidos políticos concorrentes. Não é mais do que uma ficção política, mas nestes tempos em que se fazem previsões a médio prazo sobre quase todos os assuntos, não se pode evitar o estudo da dinâmica futura dos nossos partidos.

Em primeiro lugar, o PP galego, e a sua sucursal madrilenha, são os que mais se arriscam nestas eleições e não apenas pelo facto de manterem ou não o poder. Se perdessem o poder, Alfonso Rueda demitir-se-ia muito provavelmente do cargo de presidente do partido e abrir-se-ia um processo de sucessão aberto, no qual a direção de Madrid teria relativamente pouca influência, dado que o presidente Feijóo se encontraria nesse cenário muito mais fraco do que está atualmente e com a ameaça potencial de alguns barões regionais ambiciosos pelo seu cargo. No caso de o manter, Rueda conservaria o poder orgânico na Galiza, mas dependendo da forma como o conseguir, Feijóo poderia ser afetado. Se o mantiver de forma muito apertada ou precisar do apoio da Democracia Ourensá (o que parece vai ser a grande surpresa da noite eleitoral), a força relativa do atual presidente seria afetada, mas não tanto, evidentemente, como se o perdesse.

O segundo partido mais ameaçado no dia 18 é o Sumar, porque está literalmente a jogar a sua vida como organização política, não só na Galiza, mas também no espaço político espanhol. O pior cenário seria não conseguir entrar no Parlamento galego. Tal desfecho significaria que o congresso constituinte de Sumar, previsto para o próximo mês, se realizaria num contexto de extrema fragilidade para a sua líder Yolanda Díaz, quem pareceria ter perdido o ímpeto inicial, e estaria sujeita às ordens das principais forças do espaço, Más País, Comunes e Compromís. Para além disso um projeto truncado em Madrid seria, sem dúvida, um problema sério na hora de dar forma ao partido na Galiza, onde ficaria numa situação muito complicada ja de início. Só a entrada no Parlamento e, se possível, a integração num hipotético governo de esquerda, poderia ajudar à sua consolidação futura. 

Outro partido que está a correr riscos nestas eleições é o BNG, embora não tanto como os dois anteriores. Aparentemente não é o caso, porque na pior das hipóteses para o BNG, a revalidação de um governo do PP deixá-lo-ia como está, e se conseguisse governar, a sua força como organização seria ainda mais reforçada. O risco para o BNG é que o PP, só ou com outros, revalide o seu mandato e que o aumento previsto de escanhos não seja tão grande como as sondagens preveem. Ou seja, mesmo que ganhe uma ou duas atas, o resultado poderá ser entendido como uma suba escassa. Começar-se-ia a falar de um teto eleitoral e haveria provavelmente realinhamentos internos de poder, o que provavelmente também acontecerá em caso de vitória.

O PSdeG não tem nada em jogo e, de facto, só pode fazer melhor do que o esperado. O mau resultado já é previsto, pelo que se o bloco das esquerdas ganhasse, ver-se-ia subitamente com um poder na Xunta com que não contava. Em qualquer dos casos, é muito provável que haja mudanças na liderança do partido, uma vez que tudo indica que o seu candidato Sr. Besteiro tenciona continuar a sua carreira política em Madrid e o partido teria de nomear um novo porta-voz parlamentar ou uma pessoa para a vice-presidência em caso de obter o governo.

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