Opinión

Festival da Poesia

O primeiro fim de semana de setembro, no Condado e na Galiza toda, é sinónimo de poesia. No passado dia 3 de setembro, voltava o Festival da Poesia para celebrar a sua ediçom 34, após dous anos sem se poder desfrutar devido à situaçom sanitária provocada pola Covid. Havia muita vontade de regressar a o evento poético-musical que decorre no recinto amuralhado de Salvaterra do Minho, e notou-se. Notou-se mesmo muito! 
Com muito trabalho militante nos meses prévios, a partir da autogestom e sem quase colaboraçom institucional, a Sociedade Cultural e Desportiva do Condado levava avante umha nova ediçom dum festival feito por e para o povo. Um encontro marcado em vermelho no calendário arredista desde aquela primeira ediçom que Soto, Xan, Bértolo ou Xosé organizavam em 1981. E o regresso depois deste parêntese obrigatório de dous anos, muito mais curto do que aquele que entre 1996 e 2001, devido a problemas económicos e umha falta de renovaçom geracional, entre outras questons, deixaram o Condado sem festival, foi um autêntico sucesso.

Com um cartaz de luxo e o cinqüenta aniversário das históricas luitas obreiras de Vigo e Ferrol em 1972 como temática escolhida, fôrom vários milhares os que passárom polas diversas atividades programadas neste evento poliédrico e multidisciplinar.

A trovoada de Ameaça de Bombo ressoando polo torreiro e o aberto de bilharda dérom início a umha nova ediçom do Festival da Poesia.

E lá ouvimos recitar em hassanya, e portando a nossa bandeira nacional o poeta saharaui Ali Salem, cujos poemas eran respondidos com um solidário e internacionalista "Polisário Vencerá". Anxo Angueira, Regina Touceda, Carlos Da Aira, Maria Lado e Antón Reixa ofertárom-nos os seus versos na Porta da Oliva enquanto as embarcaçons tradicionais desciam polo Minho.

Do Val Minhor chegárom os Dakidarria, para pôr trilha sonora a umha sessom vermute deste "eterno festival" minhoto.

Dúzias de crianças e nom tam crianças rírom às portas das Covas de Dona Urraca na festa infantil, com essa artista que é Pajarito, enquanto no campo de Drextos as amigas da Liga Gallaecia disputavam o IV Aberto de Futebol Gaélico, que finalmente levou Gróvias.

Houvo tempo para o debate de ideias, com os companheiros Suso Seixo, Xesús Chaves e a companheira Elvira Souto.

Antes de começar o festival poético-musical no cenário principal o Rabelo apresentou Suor, "Roneo duro, raiva contida, tenrura salvagem, reguetom para dançar no serán". E assim foi. De Cerdedo a Salvaterra para pôr o torreiro a bailar.

Passadas as oito e meia da tarde, chegava um dos momentos mais esperados. A SCD rendia umha merecida homenagem a Luz Fandinho, a poeta do povo, a das deserdadas, a poeta daquelas que luitam por sair de escravas. E ouvimo-la recitar e falar, e falou bem. Sempre humilde. E no cenário junto a ela, Carmé 'a catalana' e a segunda e a terceira geraçom das Soto. Presente e futuro da SCD. Um futuro que tem nomes próprios: Deva, Uma, Noa, Simón...

Emocionárom as palavras de Xose 'Tiburom' lembrando os que já nom estám, mas que deixárom semente: Manolo Soto, Carlos e Antón Bertolo, Tonhito, Poli ou António Visconti. Como também emocionárom e pugérom a pel de pita os versos de Charo Lopes lembrando os acontecimentos de março de 72 em Ferrol. Junto a ela, Marga Tojo e Lucia Aldao completavam o espaço poético desta ediçom.

E finalmente nom pudérom estar em Salvaterra do Minho os Hertzainak, mas soárom no torreiro algum dos seus temas míticos na voz de Teresa Urkiola e a trikitixa do Josu Zabala. Os acordes de '564' deixavam passagem a Mercedes Peón, Monica de Nut e Ana Fernández.

De Vigo chegavam no Nautilus Os Resentidos, deixando no cenário autênticos hinos da cena galega: 'Galiza caníbal', 'Sector Naval' ou 'Galiza Sitio Distinto' ressoárom nas muralhas.

O rap feminista das Flow de Toxo e o ská combativo de Liska! concluírom um exitoso festival que ainda tinha a cúmbia do SapoconchoSemPoncho para quem nom quigesse ir para a casa.

Se ainda nom estiveste nunca (cousa imperdoável!) toma nota, porque 2 de setembro de 2023 temos marcado novo encontro em Salvaterra do Minho na 35 ediçom. Vemo-nos lá! 

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