Opinión

Não ao esquecimento

Muitos poderiam ser os temas a tratar que nos afetam de jeito direto diariamente, mas neste começo de ano e meu último artigo em Tribuna, não me podo resistir a fazer uma chamada á memória do sofrimento do povo saarauí, especialmente nesta altura na que a Fronte Polisario celebra seu XVI Congresso com a eleição do Secretário Geral (Brahim Gali) e a consigna de intensificar a luta armada ante a repressão constante no território saarauí ocupado e a agressividade por parte de Marrocos.

O Saara foi colônia espanhola até que em 1958 se qualificou como a 53 província de Espanha e como nacionais espanhóis, com DNI, seus habitantes.

A corrente descolonizadora propiciada na ONU polos anos 60 chegou também para o povo saarauí acetando Espanha um referendum de autodeterminação para o ano 1975, proposto pola ONU e referendado polo Tribunal de La Haya. Em novembro de 1975 agoniza Franco e tem assumidos os poderes de Chefe de Estado o Príncipe Borbon Juan Carlos que num ato de felonia imperdoável, e para segurar sua designação como Rei de Espanha, entrega a Marrocos o povo saarauí num acordo privado com USA, que prefere um Saara marroquino antes que um Saara independente, e Marrocos assinando o 14 de novembro um pacto tripartido com Marrocos e Mauritânia abençoado por USA, mas não reconhecido pola ONU.

A entrada de Marrocos no Saara foi brutal. Chegaram a Smara, assassinarem a 650 espanhóis e os que fugiam polo deserto foram bombardeados com bombas napalm pola aviação marroquina matando mais de 3.000. Abandonado por Espanha, o povo saarauí proclamou em 1976 a República Arrabe Saarauí Democrática, reconhecida pola OUA e vários países do mundo, mas com grande parte de seu território ocupado pola força por Marrocos. O reino alauita negou-se sempre a abandonar o território ocupado e ainda tratou de apoderares do território livre estabelecendo um regime de terror sobre os saarauís residentes e luita armada contra o território controlado pola RASO.

A atitude tíbia de vários países e a declaradamente pro marroquina doutros forom deitando areia nos trâmites para a celebração do referendum de descolonização mentras Marrocos mantem uma ocupação violenta, repressiva, impedindo o exercício dos direitos humanos mais básicos que o levou em varias ocasiões perante o Comité contra a Tortura da ONU, negando-se a cumprir as sanções impostas. Na atualidade seis novas denuncias se tramitam por maios tratos, tortura e longos encarceramentos.

Em Bojador, Sultana Jaya, presidenta da Liga Saarauí para Defensa dos DDHH, proposta para o premio Sarajov, com sua irmã Waari e sua mãe, vivem recluídas no seu domicilio, sem possibilidades de relacionar-se nem para obter alimento, submetidas a registos, destroços na vivenda e incluso violações sexuais por parte de agentes marroquinos, realidade acreditada e sem resposta por parte da EU, que mantem com Marrocos umas relações prioritárias e preferentes espoliando os recursos do Saara ocupado e beneficiando-se de negócios ilicitamente executados por Marrocos.

Mas algo parece mover-se. Em 2021 o Tribunal Geral da EU declarou de novo que o Saara não pertence a Marrocos anulando uma acordos de liberalização comercial que afetem a terras e recursos saarauís "porque não se podem explorar os recursos de um território em processo de descolonização", estimando que a Fronte Polisario é "um ator responsável e autónomo com reconhecimento a nível internacional" para acudir ao Tribunal. A sentença foi recorrida pola EU.

Neste mês de janeiro a Eurocámara rompe um tabu histórico e aprova uma Resolução que critica a situação dos DDHH em Marrocos, pede a liberdade de jornalistas detidos e suspender o aceso de seus diplomáticos á Eurocámara. Resolução aprovada só com os votos em contra de partidos da extrema direita e do PSOE. No discurso de inauguração do Campeonato Africano de Nações, também neste janeiro, Mandla Mandela, neto de Nelson Mandela, qualificou ao Saara como a última colônia de África e chamou a liberar a antiga colônia espanhola.

Mas é preciso insistir ante os interesses comerciais ou políticos como dos USA por boca de Donald Trump e agora Espanha por boca do PSOE, favoráveis aos interesses de Marrocos. Espanha perdeu prestigio e honra coma felonia do rei Juan Carlos que só obtive a cambio (ele, não Espanha) o apoio dos USA á sua coroação como rei e viver uma vida de 'jolgorio' e corrupção a costa do sofrimento dos saarauís. E da felonia de Pedro Sánchez e o PSOE, que benefícios obtive Espanha?

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