Miguel Araújo: "Antes da covid-19 investir em cultura era política e eleitoralmente rentável mas agora é o contrario”

Dizem dele que é um dos melhores compositores da música portuguesa atual. Ana Moura, António Zambujo ou Carminho, entre outros grandes artistas, gravaram canções escritas por ele. Mas conseguiu também um grande sucesso no seu país pela sua trajetória como cantor e instrumentista. Prepara agora o seu quarto disco em solitário. Chama-se Miguel Araújo e é um de tantos músicos da lusofonia que, para os galegos, ficará sempre ligado ao festival Cantos na Maré, que este ano mudou o seu nome por Maré e trasladou-se a Compostela. Falamos com el no Sermos Galiza que se publica este sábado.

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photo_camera A entrevista publícase este sábado en Sermos Galiza.

Por que disse que é um crime que não haja mais eventos como Maré?

Crime pode ser uma palavra forte demais, mas é pena porque é uma língua tão próxima, praticamente a mesma, não é? E acho que o relacionamento entre as pessoas da Galiza e do norte de Portugal não é a mesma que o doutras partes da raia portuguesa. António Zambujo é de Beja e para eles é quase a mesma cultura. E eu sinto que com a Galiza não há tanto disso. É raro ainda ver artistas galegos ir tocar ao norte de Portugal. Entre Portugal e Brasil, os brasileiros não ouvem música portuguesa, mas os portugueses ouvem muita música brasileira. Mas entre a Galiza e o norte de Portugal o divórcio parece mútuo.

Mas você já tinha tocado antes na Galiza…

Sim. Em 2015 fiz uma pequena gira pela Galiza.

A sua relação com a Galiza vinha de antes. Há uma história com Vigo e Bryan Adams…

Íamos ao Corte Inglês de Vigo passear e fazer as compras. Eu era muito pequeninho e só queria a cassete de Bryan Adams. Foi o primeiro álbum que tive na vida.

Aos 11 anos recebe um baixo de presente e começa a juntar melodias e letras…

Os meus tios tinham uma banda amadora de covers. Os meus primos e eu fizemos uma banda e os nossos tios e os meus pais ofereceramnos uns instrumentos e então começamos a tocar. Foi pelos 14 ou 15 anos, mas eu comecei aos 11. Tinha um baixo e um violão e inventava melodias e letras. Tinha muita vergonha. Hoje em dia continua a ser um ato clandestino. Se entra alguém da minha família, tenho de parar.

Começou a compor de forma profissional com Os Azeitonas.

Tinha se calhar 27 anos. Ao princípio era algo como de brincadeira, fazíamos uma música pirosa... Mas a coisa foi ganhando fãs, tocávamos num bar, havia uma telenovela chamada Morangos con azúcar que usou uma música nossa como banda sonora… De pronto íamos tocar a festivais, enchemos o Coliseu e tornou-se numa coisa muito grande. Depois, entre o meu primeiro disco só, de 2012, e 2016 fui pai e era ter concertos quase todos os dias… Não podia seguir assim e saí da banda.

Está a ter muitos menos concertos. Como está em Portugal a situação na música ao vivo por causa da pandemia?

Em Portugal os auditórios podem encher-se até a metade da sua capacidade. Mas acontece que as pessoas sentem-se inseguras e não vão às salas de espetáculo mesmo tendo tirado os bilhetes com meses de antecipação. Foi publicada uma lista que dizia que ir a salas fechadas é do mais perigoso que se pode fazer e as pessoas têm medo. Antes da Covid-19, investir em cultura era política e eleitoralmente rentável, mas agora é o contrário. E o trabalho passou para níveis muito próximos de zero

Sermos Galiza

A entrevista con Emilio Araújo non é o único contido do Sermos Galiza que se publica este sábado. Un semanario cuxa reportaxe de apertura afonda na outra cara da da vendima.

‘Unha viaxe aos canóns do Sil’, con texto de Claudia Morán e fotografías de Brais Lorenzo, adéntrase  na vendima heroica quecontinúa en pé na Ribeira Sacra, un dos segredos mellor gardados do noso país que, a pesar das dificultades económicas, continúa a crer na preservación da súa tradición milenaria.

‘Carbajo Barrios, convivir’, de Iago Valverde. “Manuel Carbajo e Celso Barrios están á fronte dun estudio diferente que, en aparencia, en 20 anos de traballo fixo moi poucas cousas. Como explica Barrios, iso débese a que dentro de cada obra hai centos de proxectos máis pequenos. Nos últimos tempos estabeleceron relación co grupo Arial, e como parella desenvolven en Compostela iniciativas moi grandes de vivenda, que precisan varios anos para facelas realidade. A súa é unha carreira de fondo”.

En ‘Andar e ver’ o colectivo Xea lévanos polo Castro de Negros, en Redondela.

Ademais, como vén sendo habitual cada sábado, no semanario tamén poderás atopar un repaso aos libros, música, cinema arte e mapas.

Tes a oportunidade de ler todos estes contidos no Sermos Galiza que acompaña mañá a Nós Diario. Atoparálo no teu quiosque de confianza ou para a súa lectura na nube. Se aínda non diches o paso de ser subscritora ou subscritor,podes facelo nesta ligazón.

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