Opinión

Consequências das políticas agrárias do PP para o rural galego

Dizíamos no anterior artigo que as políticas agrárias dos governos galegos do PP optaram mormente por: esvaziar o rural, mediante a redução de povoação ativa agrária, com o conseguinte problema demográfico e de desestruturação do território; pela eliminação de explorações agrárias em todos os sectores produtivos, mas especialmente no lácteo, o que levou e está a levar a uma grande concentração tanto geográfica como em número de explorações; e por favorecer a florestação da terra agrária, fundamentalmente com espécies de crescimento rápido, como o eucalipto.

Tanto os meios de comunicação como os organismos encarregados de elaborar as estatísticas oficiais se têm feito eco do grave processo de despovoamento. Assim em 2018 algum meio refletia que na Galiza havia 2.000 aldeias abandonadas, mas também, e referido a esse mesmo ano, o nomenclátor do organismo oficial de estatística do estado espanhol, o INE, indicava que existiam na Galiza 3.677 núcleos de povoação valeiros.

Por outra parte, o Instituto Galego de Estatística (IGE) apontava que entre o ano 2000 e o 2020 as definidas como zonas pouco povoadas (ZPP) da Galiza perderam 157.537 habitantes, o que supõe uma diminuição do 18% ao passar de 866.683 habitantes a 709.146. Despovoamento das zonas rurais que não é algo exclusivo da Galiza, mas que como fica dito no artigo anterior fazia e faz parte do programa de “modernização” do nosso rural como indicava o economista Gonzalo Fernández e seguido por todos os governos do PP.

Logicamente esta situação tem umas graves implicações no que tem a ver com a desestruturação do território, ao repercutir diretamente nos serviços que se lhe prestam, melhor dito que não se lhe prestam, à povoação que fica residindo nestas zonas. Serviços essenciais tais como os de educação, sanidade, assistência a maiores e infância, de assistência técnica ao sector agrário, e mesmo de lazer e diversão, o transporte público ou o fechamento das sucursais bancárias. Mas não somente são os serviços os que se vem ressentidos, senão também a estrutura social do espaço rural, já que a desertificação implica a perca de milheiros de postos de trabalho em atividades complementares, tais como as oficinas de maquinaria agrícola, lojas de subministros agrários, tabernas e demais profissões.

E que dizer do ponto de vista económico. Indicar que recentemente, este mesmo jornal titulava que, em 30 anos desapareceram 64.000 granjas lácteas na Galiza. Esta evolução não somente provocou uma concentração de unidades produtivas, hoje na Galiza só temos 6.500 explorações lácteas, mas também geográfica, já que como recolhe esse mesmo artigo o 80% das vacas de leite se concentram em 20 concelhos, mas o 25% da produção láctea condensa-se nos oito primeiros, sem que diminuíra a produção, mas bem tudo o contrário.

Mas não foi unicamente o sector lácteo o impactado por esta dinâmica. Faz 30 anos havia na Galiza 227.359 explorações, agora há 79.994, é dizer menos 147.365 (-65%) e a mesma tendência afetou à SAU, que diminuiu em 88.643 hectares, ou o que é o mesmo em 12,5%.

Esta contração tanto geográfica como de explorações está a ter graves consequências, tais como a perda de superfície agrária o que por sua vez acrescenta a dependência das explorações ao ver-se obrigadas a importar parte da alimentação, mas também podem apresentar dificuldades à hora de gerir os efluentes gerados, tal como vimos nos últimos tempos. Ao tempo que se apresentam problemas com a falta de recursos humanos, tanto no que tem a ver com o relevo geracional ou de falta de pessoal trabalhador, e agora há que fazer fronte aos elevados custes de produção (eletricidade, gasóleo, adubos, etc).

Esta caminho, imposto pelos governos do PP e não elegido livremente pelo sector, vai em direção oposta às propostas da PAC, ao apostar por uma agricultura mais extensiva, respeitosa com o meio ambiente e de luta contra as alterações climáticas, o que pode provocar que muitas das nossas explorações mais intensivas fiquem fora das ajudas ambientais (Eco-esquemas) da PAC.

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