Xácia Ceive: "Igual que temos que respectar as identidades debemos respectar a cultura"

Xácia Ceiva puxo a andar hai tres anos Sete Outeiros na Ribeira Sacra.
Natureza, cultura e diversidade son os piares que sosteñen nun recanto da Ribeira Sacra o espazo Sete Outeiros, un proxecto co que Xácia Ceive quixo abrir, hai xa tres anos, un lugar de refuxio para persoas LGBT aberto á reflexión e á comunidade que, até a pandemia, recibía xente de todas as partes do mundo.

Como describe o espazo Sete Outeiros e de onde xorde?
É um espaço gratuíto para pessoas do coletivo LGBT+ que tem o objetivo de proporcionar acesso a viver um pouco rodeada pola natureza. É umha maneira de atrair pessoas que nom poderiam imaginar umha experiência assim. Quando eu cheguei a aquela terra vim com umha parelha. Marchou há agora cinco anos, e entom tivem que decidir se ficar ou nom, porque é um lugar mui lindo mas está no monte,  afastado de tudo. Nesse tempo, ademais, eu estava iniciando a minha transiçom. Por isso decidim que ficaria aqui, mas precisaria um pouco de ajuda, e quigem que essa ajuda fosse do coletivo LGBT+. Assim foi, ao ver que as pessoas que reabilitárom o lugar valorizavam tanto o espaço,  pensado unicamente para gente do coletivo.
 
Nestes tres anos que leva en marca Sete Outeiros, ve algún cambio en positivo de como se percibe socialimente o colectivo LGBT, e concretamente o trans?
Nom sei. A vida cultural do coletivo tem um ritmo de aprendizagem, de criaçom da nossa cultura, de inventar… que está mui por diante do resto da sociedade. O que vejo em Sete Outeiros é um espaço de encontro entre pessoas de muitos lugares do mundo que compartilham diferentes perspectivas, e aí sim que há um elemento de evoluçom das ideias e maneiras de ser e de pensar. Mas é algo próprio ao coletivo, nom equiparável com o progresso que tem que facer a sociedade mais ampla.

Como proxecta o futuro de Sete Outeiros?
Imos avançando lentamente, conseguindo um espaço cada vez mais cômodo. Um desafio interessante deste ano som a restrições num mundo em pandemia, porque anteriormente era um lugar de encontro mundial, mas este ano recebemos pessoas basicamente da península ibérica. O futuro do projeto tem a ver com buscar gente do mundo de novo, ou restrinxirmo-nos às de mais perto. Ambas as dúas cousas estám mui bem, porque este ano recebemos pessoas que nom estám tam longe muitas querem repetir. Tenho a sensaçom de estarmos a construir umha comunidade, de aqui, da Galiza, que é algo mui chulo também.

Nesta situación, como se fai para chegar á xente que aínda non coñece Sete Outeiros?
Estamos dando passos. Sete Outeiros é cada vez mais conhecido na rede do coletivo cuir aqui na Galiza, tem um nome já, e há pessoas que pode que nom contemplassem, em geral, ir a um espaço assim, mas sim vêm a Sete Outeiros.
 
É este un refuxio, un lugar de reflexión, para as persoas do colectivo LGBT? 
Actuamos um pouco assim, sim. Este ano houvo duas pessoas que chegarom querendo um espaço, para, num caso, experimentar sem cair nas pressões das expectativas da sociedade no âmbito do sexo-género, e, no outro, no momento de começar a transiçom, que é um momento difícil e delicado, mas que em Sete Outeiros atopou um lugar para fazê-lo com tranquilidade. Foi mui bonito. Há umha segunda questom, que é que Sete Outeiros continua tendo a ambiçom de rematar as suas obras para ter um espaço mais cômodo para que, por exemplo, gente que foi expulsada da sua familia, tenha aqui um refúgio onde cobrir as suas necessidades.

Sete Outeiros colabora co I Certame de Microrrelatos Nós Diario sobre a Diversidade Sexual, que ten aberto atá mañá á noite o prazo de presentación de propostas. Como se compaxina este lugar de refuxio coa produción cultural e artística? 
Acho que ter acesso à tranquilidade da natureza, sem ruído ao redor, dá-che a possibilidade de respirar e criar cultura. Isto é algo que ocorre em Sete Outeiros, ainda que seja numha escala pequena porque a gente nom permanece aqui muito tempo. Aqui, por exemplo, proporcionamos material de arte e temos interesse, porque pensamos que a cultura e a natureza têm umha relaçom mui interessante. Eu acabo de publicar a minha primeira novela, Raven Nothing –publicada numha editora feminista de ciência-fiçom e fantasia dos Estados Unidos– que tem umha protagonista trans. E também podo mencionar que aqui publicamos o Tranzine, que está relacionado com a língua galega. De feito, a temática do último foi a linguagem além do binário. Entom, penso que Sete  Outeiros tem um interesse mui forte pola cultura ampla de representaçom do coletivo LGBT+, dado que está infra-representado na cultura, mais também na língua e na cultura galega, que para mim é chave. Vivemos num contexto em que, tanto como temos que respeitar as identidades temos que respeitar a cultura.

"A cultura hexemónica exclúe o colectivo trans"

Para Xácia Ceive, accións como este primeiro certame sobre diversidades sexuais que impulsa Nós Diario son importantes para visibilizar un colectivo, o LGBT e especialmente o de persoas trans, "excluído pola cultura hegemónica".

"A primeira vez que lim umha novela com um protagonista trans, chorei. Afectou-me muito porque, em quase toda a cultura que vejo (séries, novelas, cine...), nom existo. E temos que escrever-nos para existir na imaginaçom social. É fundamental representarmos o nosso coletivo porque assim reparamos que haja legitimidade, igualdade e dignidade", salienta, antes de subliñar a potencia que ve no acto de crear.

"É moi importante impulsâ-lo, exprimírmo-nos e tentar dar voz a essas diversidades que estám mui invisíveis".