Igreja e abuso sexual

Desde meu laicismo vejo com dor o sentimento de muitos cristãos ante a publicidade dos abusos realizados durante anos sobre nenês que viram afetadas suas vidas por a lascívia e egoísmo de seus educadores, aos que se supunha uma ética e moral que converteria em homes de bem aos filhos que se lhe encomendavam. A Igreja, a sociedade e os governantes preferiam ignorar o problema a assumi-lo, ainda bem que o problema existiu desde sempre e agora, depois de 2.000 anos de vida do Cristianismo resulta muito difícil erradicar o que se admitiu tacitamente na Igreja Católica e que as vítimas não se atreviam a denunciar, ainda que fosse um secreto a vozes. Penso que até Benedicto XVI nenhum Papa reconheceu a existência de abusos sexuais por parte de sacerdotes e purpurados, saiu o problema á superfície; mas foi o atual Papa Francisco o mais lutador para rematar com esta lacra, mas, com muito limitada eficácia. Escândalo em Boston Tony Cabral, cidadão luso americano, deputado por Massachusets, interviu decisivamente quando em 2002 o jornal The Boston Globe divulgou o escândalo dos abusos sexuais de menores por membros da Igreja na Diocese de Boston, presidindo como deputado estadual os trabalhos parlamentares que culminarem na aprovação de uma lei que incluiu aos membros das diferentes religiões entre os profissionais obrigados a reportar ás autoridades civis qualquer crime de abuso de crianças de que tenham conhecimento e forçou á Igreja de Boston a prestar contas pelos abusos sexuais a menores. Este escândalo colheu de pleno ao Papa Benedicto XVI, elegido em 2005, que muito timidamente teve que afrontá-lo por resultar impossível segui-lo ocultando. A renúncia como Papa no 2013 trouço á cadeira de São Pedro ao atual Papa Francisco que entre as múltiplas reformas introduzidas mostra um especial interesse por combater a pedofilia e o abuso a menores e vulneráveis. Existe uma grande renúncia por parte das Comissões Episcopais para dar soluções a problemas passados e evitá-los no futuro Transcorridos vinte anos desde que se destapa o escândalo em Boston, ainda agora se estão tomando medidas, com o impulso do Papa Francisco, e grande renúncia por parte de grão parte das Comissões Episcopais para dar soluções a problemas passados e evitá-los no futuro. Mas a Igreja não fala com uma soa voz, uma que continua a preferir desvalorizar a gravidade dos abusos sexuais a menores na instituição e outra que se preocupa com as vítimas dos abusos no passado e que está consciente da urgência de evitar sua repetição Em Portugal a Comissão Independente no 2022 divulgou um "relatório sobre os abusos sexuais na Igreja", analisado pola Comissão Episcopal que nos situa perante um momento histórico de viragem, mas de momento com uma resposta insuficiente e serem relegadas as vítimas para segundo plano; respondendo de jeito muito diferente a jerarquia eclesiástica até o ponto de o Bispo Auxiliar de Braga e o Reitor de seminário maior de Coimbra desmentir ao cardeal-patriarca sobre suspensão de padres abusadores. Espanha ultracatólica Em Espanha o diário El País posso em marcha uma investigação desde 2018 da pederastia na Igreja, cujo informe atualizado entregou ao Papa Francisco em dezembro do 2021 (trasladado imediatamente á Congregação para a Doutrina da Fe, que centraliza a investigação da pederastia) e outra copia ao presidente da Conferência Episcopal Espanhola que inicia uma investigação; inclui a 251 membros do clero, 31 ordens religiosas e 31 dioceses e mais de 1.237 vítimas identificadas. Pese a este informe a CEE dize ser muitos poucos os casos e desconhecer seu número. As normas do Vaticano, desatendidas em muitos casos pola Igreja espanhola, vão tomando eficácia pois obrigam a qualquer Bispo ou Superior a abrir uma investigação interna ante qualquer informação de algum possível caso; o cume sobre a pederastia convocado polo Papa Francisco no 2019 propiciou que este tipo de processos se assume com mais normalidade. A análise do processo sobre abusos da Igreja resulta bastante desalentador. Existe uma grande renúncia, pese a todas as normas e convicções, não só nas Comissões Episcopais de cada Estado que também na própria sociedade. Anima que o Papa felicitasse a dignidade dos Bispos franceses por haver sacado adiante uma investigação histórica sobre os abusos da Igreja francesa. Ou que Bispo auxiliar de Lisboa afirme que a Igreja afastará padres e pagará indemnizações pois não quer que nenhuma vítima se sinta vítima outra vez, e na mesma linha o Presidente da CEE. Mas, a pouco que escarvemos topamos em Espanha a ultracatólica Asociación Católica de Propagandistas, á que pertence a Universidade San Pablo CEU, que conta com o apoio e reconhecimento da CEE e da própria Ministra de Defensa.