Memória

Outro 17 de agosto. De novo A Caeira, Poio e Pontevedra. Outro 17 de agosto sem a declaração oficial de Dia da Galiza Mártir. Nem o PP nem o PSOE parecem estar pola labor, o primeiro boicoteando constantemente qualquer proposta e o segundo tem dias. Só o nacionalismo insiste um e outro ano pola oficialização da data e como referente a Alenxandre Bóveda. Os diversos atos que se celebram nesse dia, desde o início, forem convocados e protagonizados polo nacionalismo, nunca vimos representação institucional nem partidária de organizações da direita ou esquerda espanholista (este ano a Deputação de Lugo, seu vice-presidente, BNG, na mesma data organizou uma homenagem ás pessoas represaliadas polo franquismo). Instaurou-se a data pola Irmandade Galega de Buenos Aires como Dia da Galiza Mártir e a proposta do próprio Castelao, já mais tarde foi, na Galiza, adotada polo nacionalismo e comemorado em A Caeira pola Fundación Castelao. O parlamento de Amalia Bóveda foi claro, reivindicando nosso direito á memória histórica, rejeitando um galeguismo de vocabulário e de homenagens de cenário Não foi outro 17 de agosto em Pontevedra. Como todos os anos o BNG, o nacionalismo e o Concelho de Pontevedra, presentes, enchiam a praça de Curros Henriques no ato político tradicional do BNG. Antes celebrou-se, como sempre, o ato cívico no cemitério de Santo Amaro, onde repousam os restos de Bóveda, organizados pola Fundación Alexandre Bóveda e o Parido Galeguista. Pola manhã, em A Caeira (Poio), onde foi assassinado Bóveda, celebrou-se o que podemos considerar ato principal, no que geralmente inervem um representante da Fundación Bóveda, o alcalde de Poio (hoje do PP depois de anos de BNG) e a viúva e ultimamente a filha. Não foi outro 17 de agosto porque neste ato, por primeira vez, comparece um conselheiro, representante da Xunta. Herdeiros ideológicos dos assassinos côvado com côvado com os familiares e seguidores do assassinado. O Governo galego, que incluso rejeitou uma solicitude de há quatro anos da Deputação de Ourense (PP) para institucionalizar este dia, envia um representante que sem o mínimo rubor, escoita o parlamento de Amalia Bóveda, filha de Alexandre em lembrança de seu pai assassinado polas hordas galego-franquistas duma direita imisericorde que ainda hoje nega a recuperação da memória histórica e da reivindicação das vítimas, mentras perpetua em ruas e praças nomes dos victimarios. O parlamento de Amalia Bóveda foi claro, reivindicando nosso direito á memória histórica, á economia própria do país e a um galeguismo orçamentário, rejeitando um galeguismo de vocabulário e de homenagens de cenário. O representante da Xunta aguantou estoicamente, não sei porque nem atendia ou porque pouco se lhe dava do que se falava e porque a ele, em definitiva, aquele mal trago tinha compensação no seu ordenado e demais prebendas como Conselheiro. Não sei se este pessoeiro na hora do almoço, com seus familiares, teria remorsos de aquela viúva e aqueles nenos orfos num 17 de agosto de 1935, sinalados incluso por uma sociedade dominada polo terror e o medo. Filhos e viúva que não viram reivindicado o nome de seu pai ante a oposição reiterada da direita "pepera" rancorosa e vingativa. Amalia e seu filho assistirom discretamente ao ato do BNG na praça de Curros Henriquez. Hipocrisia O Pleno da Deputação de Ourense, governada polo PP e os Baltar (que sempre se gabarem de galeguistas) solicitou da Xunta (também do PP) a declaração institucional do dia 17 de agosto como da Galiza Martir, solicitude que foi rejeitada polo Parlamento com maioria do PP. O Concelho de Ourense, governado por um partido outsider e polo PP nomearem a Bóveda filho predileto e o Ateneu de Ourense sacou a concurso um monumento na sua honra, que realizou o escultor Buciños, consistente num arvore com suas pólas representando sua vida e martírio e o rexurdir de suas ideias, póla esta última barbaramente arrincada com noturnidade e aleivosia por fascistas da cidade. E se os anteriores são os feitos, que analise podemos fazer? Este intento do PP de branquejar a barbárie fascista, aproveitando neste caso tanto a figura de Bóveda como a circunstância de ficar hoje o Concelho coorganizador governado polo PP, faz-me lembrar a apropriação que igualmente tratarem de fazer com a figura de Castelao e o regresso de seus restos a Galiza. Temos que denunciar este intento de assimilar às suas ideias nossos símbolos mais evidentes, com total hipocrisia. Como o Cristianismo que assimilou os ritos e lugares de culto paganos à sua ideologia, pretendem estes indignos políticos desqualificar, por aparentar considerá-los como dos seus, precisamente os máximos representantes do nacionalismo galego.