Muco que te expulso, muco

Nem sequer o lançaram num meteórito contra nós os habitantes do planeta XZ_25 para nos extinguir e okupar a Terra. Não. O coronavirus foi criado e distribuído pola editora Xerais para nos vender melhor o A proba de auga, de Anémona de Río. A proba de auga / Anémona de Río / Xerais / 2020 / 96 páxinas / 12,20 euros Deixando de banda chiscadelas humorísticas, sim é certo que uma das melhores maneiras de luitar contra os movimentos bem chamados magufos é oferecer uma boa educação científica. A aparição da pandemia que estamos a viver deu protagonismo tanto à procura duma vacina que nos permita recuperar a normalidade como aos movimentos anti-vacinas, anti-máscaras, anti-quarentenas, que rejeitam as medidas preventivas recomendadas pola OMS. Por isso chega a tempo, digamos que no momento mais necessário, uma obra que procura, desde a banda desenhada, formar às crianças sobre o funcionamento das vacinas e o sistema de imunidade do corpo humano. Anémona de Río joga com a estética do manga, de grande sucesso entre o público lij, modificando-a e adaptando-a aos seus interesses. Algumas, quando meninhas, aprendemos quase todo sobre o corpo e a saúde na série de animação Era unha vez... a vida. Seguindo esse ronsel, Anémona de Río antropomorfiza as células e compõe como espaços humanizados os diferentes órgãos do corpo. Neles se perde uma pinga de água principianta e o que lemos não é outra cousa que a viagem empreendida para se re-encontrar com as companheiras, o que nos permite conhecer as interioridades do corpo humano e o funcionamento do seu sistema imunológico. Gostamos da combinação de cores, com esse verde em reserva só para o mundo infecioso e o resto em sanguinhos encarnados. Auga, que assim decide chamar-se a protagonista, comprova como acontecem cousas estranhas no mundo que visita, dalgumas das quais ela é responsável. No seu deambular de gorja a pulmões a estómago a olho esquerdo conhece a um raparigo mui atrativo e autenticamente vilão: o mau do conto. Os bons, os integrantes do corpo policial, desculpa, imunitário, que não duvidam em exterminar todo elemento que ponha o sistema em perigo. Cá está a originalidade da história. A protagonista decide intervir por não ver adequada a pena de morte. En fim, se queremos que as nossas crianças questionem o primeiro parágrafo desta recensão, mais provas de água precisamos.