Embaixada de Israel no Brasil e Mossad violam a soberania nacional

A Polícia Federal brasileira deflagrou no dia 8 de novembro uma ação repressiva alegando a prevenção de supostos atos terroristas no país. Em comunicado, o órgão informou que estava investigando atos preparatórios para a realização de ataques a prédios da comunidade judaica no Brasil. Dois homens foram presos no Brasil. Outros dois que estariam no Líbano tiveram seus nomes incluídos na lista vermelha da Interpol. Os quatro têm nacionalidade brasileira. Há também entre os investigados cidadãos sírios e libaneses. A ação da Polícia Federal teve a cooperação do Mossad, órgão da espionagem israelense. O próprio primeiro-ministro de Israel divulgou a informação, entre um e outro bombardeio na Faixa de Gaza. Esta ação ocorreu concomitante à realização de atividades de natureza política e propagandística da embaixada e de consulados do Estado sionista no Brasil, numa demonstração de que a representação diplomática de Israel atua para conquistar apoios e influenciar as instituições brasileiras para uma posição favorável às criminosas ações militares que perpetra em terras palestinas. No mesmo dia da mencionada operação da Polícia Federal, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, conhecido por suas ligações com a extrema direita, promoveu um encontro na Câmara dos Deputados com parlamentares bolsonaristas e o próprio Jair Bolsonaro. Durante a reunião foi feita intensa propaganda antipalestina, visando a justificar o genocídio em Gaza. A embaixada pretende justificar os atentados aos direitos humanos pretextando reagir aos ataques do Hamas de 7 de outubro. O ativismo de Zonshine não se resumiu à reunião na Câmara dos Deputados. Ao longo do último mês, já se encontrou com figuras destacadas do bolsonarismo, com as quais fez proselitismo, atacou uma nota pública do Partido dos Trabalhadores sobre o conflito em Gaza e incendiou críticas à política externa do governo Lula, principalmente a posição adotada contra o genocídio. Turbulências A ligação do embaixador com o bolsonarismo tem como objetivo colateral a desestabilização do governo do presidente Lula. Este ativismo político ultrapassa não só os limites do bom senso e do decoro, mas as próprias normas de relacionamento de uma legação diplomática com o país sede. A ação político-ideológica e articulação com forças hostis ao governo local pertencem à esfera da ingerência. Um embaixador que age assim está exposto à retaliação diplomática, no mínimo um chamado à Chancelaria para oferecer explicações. Valeria até mesmo a exigência do seu afastamento como persona non grata e a suspensão ou corte das relações. O ato organizado pela embaixada israelense em Brasília se caracterizou como um conluio com forças políticas da extrema direita. Houve evidências de uma ação visando a criar uma situação de instabilidade política no país e turbulência para constranger o governo. Não é uma mera coincidência a operação da Polícia Federal no mesmo dia em que Jair Bolsonaro foi à Câmara dos Deputados confraternizar com o embaixador sionista e parlamentares da extrema direita e brindar apoio ao massacre de palestinos em Gaza. O estranho é que a Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública do Governo Lula, tenha assumido a responsabilidade pela operação. Decerto, se trata de ação protagonizada por bolsões da extrema direita remanescentes do governo Bolsonaro e o ministro, alto dirigente do Partido Socialista, tenha, como se diz no jargão do Futebol, "dado uma bola fora". A operação policial ganhou aplausos da Confederação Israelita do Brasil, a representação sionista junto à sociedade civil brasileira e às instituições, gerou perplexidade no mundo político e jurídico e deixou no ar a suspeita de que há infiltração do Mossad na Polícia Federal brasileira, além de cooperação visando a fins que nada têm a ver com a segurança dos cidadãos, das instituições e de países amigos. Pressurosamente, porta-vozes da direita e da extrema direita apontaram o dedo acusador ao Hezbollah e ao Irã, que estariam por trás da preparação de atentados terroristas no Brasil. A acusação é uma clara tentativa de semear confusão, turvar o ambiente, deter a torrente de críticas e manifestações de massas contra o genocídio que Israel pratica na Faixa de Gaza e danificar as excelentes relações do Brasil com o país persa. O episódio deixou claro que houve uma violação da soberania brasileira com o conluio da Polícia Federal e o Mossad. E que Israel quer arrastar o Brasil para a sua guerra genocida contra os palestinos ou neutralizar a diplomacia brasileira.