O Tostado: umha joia do Ribeiro

Sinalamos em mais dumha ocasiom as enormes potencialidades da Galiza no âmbito agroalimentar. Umha potencialidade que contrasta com o défice da balança exterior agroalimentar. O vinho é um desses âmbitos no que a pesar da evoluçom positiva das cinco denominaçons de origem galegas (Monterrei, Rias Baixas, Ribeira Sacra, Ribeiro e Valdeorras) consideradas globalmente, ainda enxergamos oportunidades por aproveitar. A sua relevância social e económica é inegável. Referindo-nos unicamente à produçom das cinco denominaçons há mais de 10.000 viticultores inscritos (embora a maior parte nom som profissionais), mais de 400 adegas, um volume de vinho qualificado próximo aos 43 milhons de litros e um valor estimado que superou os 223 milhons de euros em 2020. Porém a sua relevância vai muito mais alá do sócio-econômico, na cultura, no meio ambiente ou na paisagem a pegada da produçom vitivinícola é notória, especialmente nas comarcas nas que a especializaçom é maior. Um dos casos mais paradigmáticos é o da DO Ribeiro. Reconhecida como denominaçom de origem polo Estatuto do Vinho de 1932, é a mais antiga da Galiza. Em realidade os antecedentes som muito anteriores. Em 1579 as ordenanças municipais de Ribadávia já regulavam as zonas nas que se podia produzir e vender vinho do Ribeiro. Durante décadas foi a grande referência do vinho galego. Sem embargo nas últimas décadas a sua evoluçom relativa no contexto galego nom foi positiva. Ao longo deste século a perdeu peso no conjunto das denominaçons vitivinícolas galegas, em número de viticultores inscritos, em produçom de uva, em volume de vinho e no valor económico. Por outra parte o processo de regularizaçom da denominaçom fijo que descendesse notavelmente o número de viticultores e a superfície inscrita. Entre os elementos positivos cumpre sinalar o forte crescimento da produçom das castes (variedades autóctones) enquanto diminuiu a de variedades autorizadas. Os vinhos de Xérès Poucas pessoas sabem que na Galiza também se elaboram na atualidade vinhos doces e de facto a produçom é insignificante, mas nom sempre foi assim. Em The English Huswife (1615, Londres), G. Markham situa os vinhos de Xérès como os melhores vinhos doces seguidos dos galegos e dos portugueses (Your best Sacks are of Seres in Spaine, your smaller of Galicia and Portugal). Markham nom fala do volume produzido, mas o facto de que os vinhos doces galegos fossem apreçados em Inglaterra evidencia que naquela altura tinham umha relevância muito superior à atual. Um produto muito apreçado e custoso de produzir, que entrou em decadência durante o século passado coincidindo com a desapariçom das casas mais poderosas que o elaboravam Menos conhecido é ainda que ademais dos brancos ou tintos e dos espumosos, a DO Ribeiro ampara outro tipo de vinho, o Ribeiro Tostado. Este é precisamente um vinho doce, mais concretamente, um vinho naturalmente doce, isto é, o álcool e o açúcar residual do vinho provém da uva utilizada na sua elaboraçom, sem acrescentar álcool vínico. Elaborá-se com uvas de variedades autóctones previamente passificadas. A vendima tem que realizar-se manualmente. O período de secado é dum mínimo de três meses. A maduraçom em cubas de carvalho ou de cerdeira deve ser dum mínimo de seis meses. Posteriormente a maduraçom em garrafa nom pode ser inferior a três meses. Margem para crescer Este vinho, cuja elaboraçom estivo tradicionalmente vinculada aos paços, consumindo-se em ocasions especiais, nom estava inicialmente amparado pola denominaçom. Sem embargo o seu regulamento foi modificado em 2004 para ampará-lo. Na ordem que aprovou a modificaçom recolhe-se: "Um produto muito apreçado e custoso de produzir, que entrou em decadência durante o século passado, coincidindo com a desapariçom das casas mais poderosas que o elaboravam". O reconhecimento deu lugar a umha certa recuperaçom, mas a produçom segue a ser muito escassa. A finais de Janeiro o Conselho Regulador estivo presente no VII Salom dos Vinhos Generosos, Doces e Fortificados divulgando o Tostado do Ribeiro. No stand mostrava vinhos das quatro adegas que o certificam. Três deles monovarietais de Treixadura e o quarto elaborado com Treixadura, Loureira e Albarinho. Envasados em garrafas pequenas, 375 ml ou 500 mil. Som vinhos de distintos anos, mas a produçom total dessas quatro referências é muito baixa, apenas 3.333 garrafas que nom alcançam os 1.500 litros. Evidentemente nom é um tipo de vinho que poda converter-se no maioritário da denominaçom, mas a sua qualidade, a reduzida produçom atual e a presença doutros vinhos doces no mercado galego, e nom só, deixa-nos entrever que seguramente tem ainda margem para crescer.