Demografia, macroeconomia e tecido produtivo

Foi Feijóo um bom gestor no governo de Galiza? Começamos aqui uma série de breves análises sobre alguns dos indicadores mais ilustrativos do evoluir socioeconómico durante os seus governos. Neste primeiro intuito abordaremos aspetos demográficos, macroeconómicos, e produtivos, no marco da total ausência de gestão para assumir novas competências, frustrando o nosso desenvolvimento estatutário durante os treze últimos anos. Demografia De 2009 a 2022 perdemos 106.937 habitantes, os 3,8% da população. Segundo uma projeção do INE, Galiza terá em 2031, 2.489.946 habitantes, perdendo quase os 8% da povoação e voltando a níveis de 1940. A taxa bruta de natalidade observou um devalo continuado na última década, caindo dos 8,14&permil; em 2009 aos 5,65&permil; em 2020 e de mortalidade subiu dos 10,90&permil; aos 12,17&permil; no mesmo período, resultando um saldo vegetativo negativo. A idade meia aumentou em 3,1 anos entre 2009 e 2021. O índice de envelhecimento não deixou de crescer: em 2009 situou-se em 176,94 frente aos 105,26 pontos da média estatal, e em 2021 chegou a 207,31 frente a 129,17 no estado. A percentagem de maiores de 65 anos aumentou 3,2 pontos desde 2011 alcançando os 25,73% do total em 2021. A emigração é um fenómeno endémico de Galiza derivado da nossa dependência histórica e duma estrutura económica desarticulada e extrovertida que dificulta o pleno emprego de toda a nossa força de trabalho. Entre 2009 e 2020 emigraram 347.825 pessoas. O discurso oficial oculta esta sangria aduzindo um saldo migratório positivo, que, na maioria, supõe o retorno de ondas migratórias precedentes. Galiza perdeu entre 2009 e 2022 106.937 habitantes, 3,8% da população A emigração explora a mocidade. Os 38% do total foram jovens menores de 29 anos. Um verdadeiro êxodo juvenil que expulsa talento, capacidade para promover iniciativas produtivas e prejudica o consumo interno. Segundo estima o Foro Económico de Galiza a emigração juvenil impede 1.500 nascimentos e se promoverem 315 novas iniciativas empresariais cada ano. De não se ter produzido este nível de emigração no período 2009-2020 e mantendo-se o nível imigratório, a povoação galega teria alcançado em 2020 os 3.049.644 habitantes. Neste caso, a mocidade galega ficaria na terra contribuindo como fator-chave do desenvolvimento, além de elevar a taxas de natalidade, reequilibrando o desajuste da nossa, alarmantemente invertida, pirâmide populacional. Macroeconomia A taxa de crescimento médio anual do PIB a preços de mercado correntes, entre 2009 e 2019 tem sido dos 0,7%. O investimento produtivo ou Formação Bruta de Capital Fixo observou uma taxa media negativa de -3,71%. O aumento da produtividade unido a queda salarial derivou num aumento do excedente de exploração empresarial, ambos referenciados sobre o valor acrescentado bruto. A ratio de assalariação, horas assalariadas ou pessoas por posto de trabalho aumentaram, junto a produtividade, medida como a produção total por posto de trabalho ou por horas efetivas. O PIB per capita de Galiza, principal indicador utilizado para avaliar a convergência da renda galega relativamente às meias do estado e da UE, deve ser interpretado com muita cautela à luz do declínio demográfico experimentado por Galiza no período considerado. Trata-se duma convergência passiva, na que prevalece o contributo populacional decrescente no denominador por cima do aumento experimentado pela produção no numerador, relativamente aos âmbitos territoriais comparados. O PIBpm per capita de Galiza, relativamente à meia da UE(27), tem caído dos 89% em 2009 para um 82% em 2019. A convergência com a meia estatal apenas se tem movido do entorno dos 90% nesta década. Além disto, e segundo dados recolhidos pela Junta, de 2015 a 2020 a convergência em PIB per capita real com a meia estatal ficou muito por debaixo da prevista. Em 2019 alcançava só os 90,3%, longe do 92,7% previsto para 2020. Igual aconteceu na convergência com a UE com um nível dos 82,1% para 2019 quando se previa ter alcançado os 88,1% em 2020. Setores produtivos A indústria manufatureira, a construção, e comércio, transporte e hotelaria, perderam peso na economia galega na última década. O Índice de Produção Industrial cai uns 13,22% entre dezembro de 2009 e abril de 2022. Quanto ao emprego, entre 2009 e 2021 constatamos caídas em todos os setores. Duma queda total no emprego de 94.001 pessoas, 24.029 empregos, mais dos 25% perdem-se na indústria; quase os 20% ou 18.629 no setor primário; e 50.342, mais dos 53% na construção, neste caso condicionada pela crise financeira e o estouro da bolha imobiliária a partir de 2008, tudo em combinação com as políticas austericidas dos sucessivos governos do estado e da Junta de Galiza que resultaram em terceirização da economia, desemprego e precarização laboral. Em suma, o peso de Galiza no conjunto do estado cai em termos demográficos e económicos. A nossa povoação passou de representar os 5,99% da estatal em 2009 aos 5,75% em 2019. O nosso PIBpm dos 5,27% aos 5,14% e as afiliações à segurança social, dos 5,74% aos 5,29% no mesmo período.