Opinión

Um texto inédito de Otero

Graças a uma referência de Carvalho Calero num dos seus mais formosos ensaios sobre Otero Pedrayo (Ramón, príncipe de Aquitania, em Sobre lingua e literatura galega), pude topar com um texto inédito de Dom Ramón custodiado na Biblioteca Penzol. Apesar do seu título, que pode soar-nos hoje machista (As mulleres froles), resulta um magnifico texto de Otero sobre Prisciliano. Um texto mui publicável apesar dos seus erros, reiterações, etc. numa redação muito recargada, como costuma fazer o ourensano. Já Ramon Piñeiro, que valorava muito os escritos de Otero, falando sobre os seus relatos curtos, criticava-o porque não se tomava o trabalho de reler e corrigir o que escrevia.
Pode que a mim me resulte mais prezado este relato pela fascinação por Prisciliano que comparto com Dom Ramón. Porém, o texto está cheio de parágrafos geniais que merecem ver a luz e chegar ao leitor; ainda que fora desbotado no seu tempo pelo mesmo Carvalho na escolha de textos para o livro de relatos Entre a vendimia e a castiñeira (1957). 

“Era unha Galiza verde e griseira, toda mesta de arboredos inzados de pagania... Algúns ollares de donas sabían apreixar na frol da iauga o destino... Priscilián, o mozo de caste druidesa das fontes dos ríos, consideraba o agromar da mañán sobre as augas novas... Tiña o novo craror dos pergameos engadido ó seu próprio... case neto de reis, dono do principado do sangue e da verba, soio arelaba a sabencia pra unha ergueita empresa”.

Este texto vem somar-se à longa ringleira de textos curtos de Otero sobre Prisciliano; ele é um dos galegos que mais escreveu desta personagem, ainda que não chegasse a fazer uma monografia ou romance sobre ele: o longo capítulo do Ensaio histórico sobre a cultura galega Gnose e catolicismo, o relato de Vidas non paralelas (publicado em Nós e logo em Narrativa breve) e as referências em La vocación de Adrián Silva, o artigo Prisciliano e Gelmírez. Dous rexos caraiteres galegos, ou as páginas que lhe dedica en Guía de Galicia, Guía de Santiago de Compostela ou Galicia, una cultura de occidente.

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