Opinión

Repressão em Nicarágua

O triunfo de Gustavo Petro em Colômbia, que abriu no país um mundo de possibilidades reais para acabar com a violência e a injustiça depois de mais de cem anos, contrasta com as notícias que nos chegam ultimamente de Nicarágua, país centroamericano que vive uma nova ditadura desde há mais de dez anos, e sobretudo desde 2018.

Após a ditadura dos Somoza e o triunfo da "revolução bonita" sandinista, o país padece a ditadura "orteguista" da parelha presidencial Daniel Ortega-Rosario Murillo, com o apoio das forças armadas e a polícia, que reprime qualquer oposição. Assassinatos, torturas, sequestros, desaparições... e numerosos presos políticos que clamam pela libertação; nos últimos anos tem assassinado perto de 400 pessoas. Entre os mais perseguidos, estão ultimamente os meios de comunicação e pessoas da Igreja católica. A última foi o bispo Rolando Álvarez, da diocese de Matagalpa, em arresto domiciliário com outros padres e leigos, por ser perigoso para o regime só porque é mui querido pelo seu compromisso com os mais pobres. Mesmo se está a falar duma perseguição religiosa do regime contra a Igreja católica.

Ainda que o arresto deste bispo contasse com a denúncia imediata por parte de alguns companheiros e da Conferência Episcopal, muitas vozes protestam porque o papa Francisco não denuncie esta repressão do regime nicaraguano. Semelha que pesa mais a diplomacia vaticana que os desejos de justiça e paz que tem manifestado repetidamente este Papa. Um grupo de cidadãos "obrigados ao exílio fugindo da violência e a violação dos direitos humanos" enviaram-lhe uma carta com o título 'Não nos deixem sós'. Dizia que em Nicarágua "priva a impunidade e o regime tem sumido ao país num estado de exceção". O mais contraditório é que a Igreja esteja sendo perseguida por um regime que se diz católico. De que me soa a mim isto? À repressão do regime franquista aos cristãos críticos?

Tristemte, cumpre rematar com as conhecidas palavras do bispo Óscar Romero contra a repressão de El Salvador, que acabaria com ele próprio: "Les suplico, les ruego, les ordeno en nombre de Dios: ¡cese la represión!".

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