Opinión

Queer

Dias passados foi notícia as mobilizações do coletivo das pessoas LGTBI+ reivindicando o direito a existir, a ser como são e a manifestá-lo publicamente, a amar e ser amadas na sua condição; mostrando as contradições duma sociedade que crê que só é "normal" a vida social e afetiva das pessoas heterossexuais ou binárias: "Os homens são homens e as mulheres mulheres". Mas a realidade sexual/afetiva dos humanos é um mundo de diversidade e riqueza, como as culturas e as línguas: a unidade na diversidade. Tenhem direito a manifestar-se como são; sobretudo pela história de repressão que levam às costas. Uma repressão que ainda existe, e que, particularmente, às religiões custa-lhes aceitar; especialmente as monoteístas com a imagem patriarcal que tenhem de Deus, uma ideologia dominante perversa desde há séculos.

A teoria queer questiona esta imagem. No breve espaço desta coluna quero falar sobre uma "teologia queer" que já existe, ainda que seja muito desconhecida, tanto no âmbito queer, coma no da mesma teologia. Mas pareceu-me que seria preciso dizer antes algo sobre este conceito/movimento possivelmente pouco conhecido.

Queer é uma palavra inglesa que fala de algo "estranho", e poderia traduzir-se como "torto" ou raro; relaciona-se com uma identidade de género que não se corresponde com as normas estabelecidas da heterossexualidade. Mas além desta origem pejorativa, insulto para os/as diferentes, foi sendo reivindicada desde as últimas décadas do passado século como uma identidade: o direito à dissidência de gays, lesbianas, trans, etc. A teoria queer busca eliminar as etiquetas sociais e culturais de homem-mulher.

Na Galiza temos um 'Grupo de Estudos Queer' na Universidade de Vigo, e uma professora identificada com queer, que é, ademais, especialista no tema, Beatriz Suaréz. Tem falado meses atrás para Nós Diario: "Queer é a revolução sobre como pensamos o humano", disse indo além da dimensão puramente sexual e afetiva. "Um pensamento antiessencialista –segue- que não crê na ideia de que os humanos somos algo imanente, inato, acabado: pensa que estamos em curso". E aí está o que considero mais valioso da proposta, sempre que não negue identidades assumidas. Seguiremos.

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