Opinión

Patxi e Manolo

A semana passada finou Patxi Loidi em El Salvador. A muitos leitores este nome não lhes dirá nada. Mas outros lembrarão comigo um livro que nos ajudou a orar, sobretudo em comunidade, nos anos 80 e 90: Gritos y plegarias; conheceu mais de trinta edições e foi o livro mais utilizado nessas décadas nas comunidades cristãs de base.

Patxi era um poeta que nos deixou meia dúzia mais de livros de poemas, e um homem de fé, bom e comprometido. A sua obra mais importante foi o labor nas comunidades que fundou em 1986 com antigos irmãos maristas como Florentino Ulibarri (Uli) e José Mª Mardones, e laicos como Víctor Urrutia e Loli Asua: a associação “Fe y justicia”; umas comunidades cristãs bascas comprometidas, na linha da libertação. Queríam unir harmoniosamente a fé cristã e o compromisso sociopolítico, a oração e a praxe libertadora. No ano 1995 fora-se a El Salvador para trabalhar em zonas marginais da capital; onde fundara a ONG “Círculo Solidario” e a comunidade “Acción Solidaria”.

Gritos y plegarias tinha um coautor galego, Manolo Regal, que a finais dos 70 deixara o mosteiro de Samos –onde vivera quinze anos como monge beneditino– para ir viver em Euzkadi dum jeito mais comprometido no mundo. Manolo volveu logo à sua terra, trabalhou de cura e labrego em Abadim e produziu grande parte das orações em galego que se têm publicado. Disse aqui hai semanas que clérigos como ele, Miguélez, Chao e Queiruga, fomos dos que mais páginas escrevemos para normalizar o galego na Igreja. Todos éramos “defensores contumazes da língua galega”, desde as revistas Irimia e Encrucillada, desde parróquias e associações.

Un caxato para o camiño foi o seu primeiro livro de poemas-orações em solitário. Um livro que, no aspecto oracional em galego, é –como diz Xosé A. Miguélez no Prólogo do seu último livro– “un libro fundacional que marca un antes e un despois”. Este livro que acaba de ver a luz leva por título Na soleira do Deus da vida, e vai numa linha semelhante. Ambos somam-se a outra dúzia de livros mais com que Manolo nos tem agasalhado.

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