Opinión

Outra Colômbia possível

Iniciava a minha coluna da semana passada sobre a triste situação da repressão em Nicarágua que segue a empiorar cada dia, falando da esperança que supôs para Colômbia o triunfo de Gustavo Petro que abriu no país possibilidades reais para acabar com a injustiça e a violência depois de mais de cem anos.

Já falei aqui há umas semanas desta mudança revolucionária. Fazia ali votos porque Petro poda levá-la adiante e não acabem com ele violentamente –cousa habitual no passado deste país– ou com campanhas suxas para impedi-lo e botá-lo do poder. Hoje quero achegar-me ao seu formoso discurso presidencial.

Começava dizendo que "a vida nunca se percorreu soa"; falando da sua família, particularmente da sua mulher e "as mulheres de Colômbia no seu esforço por sair adiante" criando, lutando e construindo "a política do amor". E logo do povo, "as mãos humildes dos obreiros, as camponesas... as mulheres trabalhadora"; a gente que sofre excluída "tem-me aqui para unir e construir uma nação".

Após citar umas formosas palavras de García Márquez em Cien años de soledad "As estirpes condenadas a cem anos de soledade não tinham uma segunda oportunidade na terra"–, disse Petro: "Hoje começa a nossa segunda oportunidade". Uma hora de mudança para um futuro "ainda não escrito", que ele quer escrever com esse povo contra uma história que dizia que nunca iam governar; "contra os de sempre, contra os que não queriam soltar o poder". Rematou o "não se pode" e o "sempre foi assim".

Fez uma aposta para rematar com décadas de violência e conflito armado, a base de diálogo e justiça pacífica. Contra a guerra do narcotráfico e dos terratenentes com os paramilitares. Contra a tremenda desigualdade e pobreza, lembrando no discurso que o 10% dos colombianos acaparam o 70% da riqueza, "um despropósito e uma amoralidade", disse. Porque "não avançamos competindo, fizemo-lo ajudando-nos". Isto supõe uma forte reforma tributária, do modo de produção e da economia produtiva, de infraestruturas, da educação e a sanidade, da igualdade de género, de descentralização, dum "futuro verde"... Oxalá chegue essa mudança.

Comentarios