Opinión

O prazer de reler

Encantou-me o título do último livro de Manuel López Foxo: O pracer de reler. As suas páginas mostram desde o começo não só o prazer pela leitura, mas também pelos livros; pela formosura dos livros, pela encadernação e –quicás- pelo particular ulido dessas obras maravilhosas. Quando era novo tive um professor que dizia saber se um livro era bom só com abri-lo e uli-lo; e acertava bastante. Já desde adolescente –diz Foxo- quando conseguia algum novo livro belamente encadernado “non me cansaba de telo entre as mans”. Logo fez-se um adicto às livrarias e foi construindo pouco a pouco a sua biblioteca. Uma biblioteca amorosamente cuidada e ordenada, na qual Foxo se preocupava por buscar-lhe o lugar adequado, mesmo quando mudou de casa.

Nisto senti em Foxo uma alma gémea. Primeiro pelo prazer da leitura; também eu gostava das famosas colunas de Carlos Casares “A ledicia de ler” ou de Alonso Montero “Beatus qui legit”. Gosto por ler e reler os livros com o passo do tempo. Mas também pelo amor apaixonado aos livros; os mais de 12.000 volumes da minha biblioteca são –ademais de um instrumento de trabalho- uma amostra desse amor; um amor por cada livro, pela circunstância em que chegou às minhas mãos mercado ou agasalhado. Ainda que não sempre compreendem isto os que vivem comigo... aceito as queixas porque ocupam demasiado espaço.

Agradou-me particularmente um dos primeiros textos do livro: “Camaradas, hai que ler a Cuevillas!”. Comenta Foxo que Prosas galegas foi uma das suas primeiras leituras em galego. E eu tenho confessado em mais duma ocasião que estas foram um texto fundamental para a minha conversão ao galeguismo. Para “afiar-lhe os dentes” a Foxo –que sei que ama as primeiras edições–, tenho que dizer que, ainda que li e reli a Cuevillas na edição que cita de 1971, tenho comigo a primeira edição de 1962, por agasalho dum amigo. Concordo com ele que hoje lê-se pouco ou nada a Dom Floro. Mas, como bem diz, “o dia que a metade dos galegos e galegas lean a Cuevillas, Galiza está salva”.

Particularmente, a sua engaiolante “Oración ao noso Señor Santiago”, um manifesto patriótico.

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