Opinión

Mulheres e religião

Mulheres e religião sempre estiveram vencelhadas; mas, salvo nos tempos da Deusa e do matriarcado, as mulheres viveram esta relação submetidas ao poder patriarcal dos sacerdotes e hierarcas. Por isso hoje para muitas mulheres feminismo e religião é vivido como algo contraditório.

Porém, não tem que ser assim. “É o machismo o que os faz contraditórios, desde uma sociedade vista e organizada por homens”; porque se a religião foi uma arma poderosa do machismo neste eido, “o feminismo pode ter um papel fundamental no cambio das religiões”.

Assim dizia a deputada basca Teresa Laespada ao abrir um encontro a semana passada em Bilbao no que tive ocasião de participar; concluía dizendo: “Aqui há mulheres que racham com isto e querem transmitir outra visão do mundo”. 

O encontro levava por título “Emakumeak, Feminismo eta erlijioa” (Mulheres, feminismo e Religião), e estava organizado per “Gure Hitza”, uma Associação de Mulheres Cristãs e Feministas. Nele participaram mulheres empoderadas cristãs, muçulmanas, judias e buddhistas: uma presbítera católica e outras mulheres cristãs com docência universitária e responsabilidades nas suas igrejas ou representando a “Revolta de mulheres na Igreja”, uma pastora protestante docente, uma imana, uma rabina e uma mestra budista.

Lolia Asua, teóloga e emérita da Universidade do País Basco, iniciava o encontro dizendo que ser crentes e feministas são necessariamente complementários.

O patriarcado oprimiu as mulheres em todas as religiões, disse Lucia Mosheneke, feminista cristã congolesa. Mas a pastora Lidia Rodriguez lembrava que as mulheres foram a força motriz das tradições religiosas, ainda que foram caladas pelos varões.

E Christina Moreira falou da sua pacífica luta por poder ser cura em igualdade na Igreja, poder celebrar a eucaristia e anunciar o Evangelho. Jesus foi um feminista numa sociedade machista, lembrava Estrella Moreno. De jeito semelhante, a muçulmana Nouza disse que o Islam não nasceu para oprimir as mulheres, mas sim o fez o patriarcado nele; porém hoje há já um feminismo islâmico.

Comentarios