Opinión

Miguel Fernández Grande: fé e Terra

Miguel Fernández Grande, durante cinquenta anos cura de Parada de Outeiro, finou a semana passada na sua casa da Limia. O concelho nazonalista de Vilar de Santos –numa decisão pouco habitual– decidiu declarar ao dia seguinte uma jornada de loito oficial por "ter estado D. Miguel sempre a carón dos mais humildes, fronte a calquera tipo de inxustiza e discriminación"; os vizinhos do concelho engadirom "o compromisso com o seu tempo, com o progresso da nossa Terra, coa cultura e sobre todo coa nossa língua galega", ademais da sua firme fé cristã que soube transmitir-lhes respeitosamente. Os seus amigos sabíamo-lo de há tempo, por isso publicamos há já mais de dez anos o libro Miguel, un cura grande en Parada de Outeiro (2009).

Miguel já dissera vinte anos antes: "Não pode haver uma atuação verdadeiramente cristã se não há uma verdadeira encarnação na realidade do povo" (O idioma da Igrexa en Galicia, 1989). Nesta "encarnação" ("mexer-se na carne de") o compromisso coa língua do povo foi algo fundamental que mantive toda a sua vida da cura: "Ao dia seguinte da minha chegada á paroquia em 1969 –dizia numa entrevista em A Nosa Terra no 2008–  tinha a primeira missa e presenteie-me coma som, en galego; os que me escutavam também eram galegos. Expliquei-lhes que me era um pouco raro falar galego até a porta da igreja e de ali para dentro non". Isto criou-lhe um conflito com o bispo e outros curas, junto com a gratuidade dos serviços religiosos, a reforma do sistema funerário e outras formas de artilhar o trabalho de cura na paroquia.

Desgraçadamente, devo escrever –como dixe há anos– que a Igreja galega avançou bem pouco na normalização do galego, na renovação do trabalho pastoral dos curas, e mesmo no seu financiamento, que os leva a viver como abutres da pastoral funerária, com honrosas exceções, que são precisamente isso. A Igreja segue ancorada no velho esquema jerarcocéntrico-clerical-piramidal e patriarcal, sem ter verdadeiramente em conta ao povo, sobre tudo ás mulheres.

Comentarios