Opinión

Marica Campo

Marica Campo, amiga e magnífica escritora justamente laureada na Galiza em diversas ocasiões, vem de receber um novo reconhecimento público: o Prémio da Cultura Galega na sua categoria de Letras. Este prémio –que nos primeiros anos levara também o apelativo de "Nacional" e tinha uma grande relevância social– quis reconhecer a sua prolífica e intensa trajetória, particularmente na literatura infantil e juvenil. Segundo o jurado, esta "destaca pelo seu compromisso para achegar a língua galega às gerações mais novas, o seu labor na defesa da cultura galega e o seu trabalho fomentando o feminismo, o ecologismo ou a solidariedade".

Não cumpre falar aqui da obra literária de Marica; desde extraordinários poemários como Tras as portas do rostro ou o premiado Pedinche luz prestada, valiosos livros de relatos como Confusión e morte de Maria Balteira ou romances como Memória para Xoana. Nem tampouco é preciso falar do seu bem conhecido compromisso com a nossa língua e com o país.

Quero falar de algo que já diz dela Manuel Maria na "Soleira" ao seu primeiro poemario; a sua poesia vem a ser "un compendio do cosmos, na que se mesturan, de xeito perfecto, o mundo interior e o exterior". A de Marica é uma poesia telúrica e mesmo cósmica, ao tempo que uma lírica fundamente interior/religiosa. Como tenho escrito, é uma verdadeira poesía teocósmica. Todo o cosmos colhe no coração de cada ser humano, homem ou mulher; mais ainda, está em cada um dos átomos de que estamos formados. E isto sabe-o muito bem Marica.

Na poesia de Marica Campo está o Mistério, está Deus implícita e mesmo explicitamente; como está na de Manuel Maria; que por isso escreve no texto onde fala da nossa poeta: "Todo o que viviu unha vez queda na memória de Deus". Marica tem-me dito: "Teria que fazer muitos mais esforços para não crer que para crer", (Galegos e cristiáns). E tem escrito versos como estes, que meti no outro livro meu Os ríos pasan cheos de Deus:

"Loado sexas, Deus, em toda a vida,/ loado por chamarnos á tua festa./ Loado sexas, Deus, póla túa gloria,/ loado sexas, Deus, louvado sexas".

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