Opinión

Inmatriculaçoes

Estes dias aprendemos uma nova palavra que não vinha no dicionário: inmatriculaçoes. Particularmente referida ao escândalo que supõe para muita gente a recente inscrição no registro civil por parte da Igreja católica duma seria de bens que reclama como próprios: perto dos 35.000; cifra que algum colunista multiplicava por três, se incluírem os que registrou nos últimos cinquenta anos do século passado.

Como recolhia Nos há uns dias, o 20% dos registrados em todo o Estado (mais de 7.000) topam-se na Galiza; e deles mais de 4.000 não estão relacionados com o culto.

Uma primeira reação podia ser pensar que a Igreja tem direito a ser possuidora dos lugares de culto e de evangelização que utiliza; e isto foi case habitual desde o século IV da sua historia. Também teria direito a ser possuidora dos lugares que ocupam os seus ministros, e ter meios de sustento para estes.

O problema xurde quando a acaparação de monumentos históricos por parte de Igreja -com o beneficio que lhe supõe o cobro de entradas a catedrais e outros monumentos dos que é possuidora-  e de outros bens laicos, resulta escandalosa. Semelha em ocasiões um verdadeiro espolio dum patrimônio que pertence ao povo, com o consentimento e anuência dos governos espanhóis de turno desde há décadas, na ditadura e na democracia.

Com isto, a Igreja perderia a sua inicial vontade de servir, para converter-se, contra o projeto evangélico, numa empresa multinacional que acapara um capital imenso. E a maior parte dele não vai a Caritas ou aos pobres, senão ao mantimento da sua estrutura, fundos de inversão, colégios privados e médios de comunicação reacionários afins.

A respeito da pertença dos templos, mosteiros, etc. que fazem parte do património, teria que ser necessariamente assim? Não, poderiam ser do estado; como fez Francia, onde desde 1905 esse património pertence ao estado, que o cuida, mas o seu usufruto é da Igreja.

Não é de estranhar que as comunidades cristãs populares reaccionassen muito criticamente ante o que chamam “uma luxúria de possuir e acumular bens”.

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