Opinión

Gurriarán e o reintegracionismo

Confesso que até há uns meses a minha ignorância sobre Florencio Delgado Gurriarán era quase tão grande como a da maioria dos galegos, salvo grupos mais achegados a ele ou de maiores conhecedores da nossa literatura. Este é o valor desde há anos do Dia das Letras e, mais ainda, do ano dedicado ao persoeiro/a homenageado. Como reconhece Ricardo Gurriarán, sobrinho seu e historiador, deve servir não só para descobrir a sua obra, mas para tomar consciência do seu compromisso ético e o seu labor no exilio.

Ademais deste compromisso ético, Gurriarán era uma pessoa que compartia o Credo cristão com a maioria dos galeguistas do seu tempo. Assim o manifesta no poema 'Prego a Santa Marta, abegosa dos ouvidos' . Ou em 'Cantarenas do castrapo', onde pede à santa que nos livre do galego acastrapado. Em 'Pregos ano Nazareno de un valdeorrés emigrado', pede-se que os galegos podam rezar na sua própria língua: "Deixa que pregarche os deixen/ no nobre falar galego/ para que non esmoreza a lus da Fe nos seus peitos".

Mas ainda há outro aspecto de Gurriarán que quero salientar na brevidade desta coluna, e, possivelmente menos conhecido: o seu apoio ao reintegracionismo. Em 1973 aparece o famoso artigo do professor Rodrigues Lapa, convidando o galeguismo a reflexionar sobre o rumo que vinha levando a língua e instando a corrigir essa rota suicida reconstruindo a unidade linguística galego-portuguesa. No fim desse ano, enviará uma felicitação a Lapa, mostrando o seu apoio à proposta do professor. Em 1977 envia-lhe um postal de felicitação de fim de ano renovando o seu apoio; Lapa responde-lhe: "Também eu lhe desejo um ano cheio de felicidade, com a sua pátria restituída à liberdade a que tem direito. O problema da língua é, com efeito, o mais importante de todos... Diz muito bem: devemos todos trabalhar pela unidade e perfeição do idioma comum galego-português e brasileiro".

Algum tempo depois, em carta ao valdehorrés José Gayoso, escrevia Gurriarán: "Penso, como Carballo... Lapa e moitos máis, que a salvazón do galego como língua está no achegamento ás variantes irmás xa cultivadas, sen perder... a nosa enxebreza. Debemos aspirar á universalidade". Mais craro... auga.

           

               

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